Ativistas israelitas reprimidos em protesto contra ocupação de Jerusalém e Huwara
Forças militares e policiais reprimiram, esta sexta-feira, manifestantes israelitas que protestavam contra a ocupação de território palestiniano no bairro Sheij Yarrah, em Jerusalém leste, e na localidade cisjordana de Huwara, atacada no passado domingo por colonos.
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"Onde estavam em Huwara?", ecoaram os participantes no protesto, ao denunciarem a inação das forças de segurança israelitas quando centenas de colonos irromperam em Huwara, incendiando casas e automóveis e provocando a morte de um palestiniano.
Esta ação vingativa, a mais grave cometida por colonos em várias décadas, seguiu-se a um ataque atribuído a militantes palestinianos que provocou a morte de dois colonos israelitas.
Em Sheij Yarrah, um bairro de Jerusalém leste onde várias famílias estão em risco de ser desalojadas das suas casas que pretendem ser ocupadas por colonos judeus, um grupo de ativistas israelitas do grupo anti-ocupação Israel Livre transpôs um cordão policial para aceder a uma área onde vivem colonos e protestar contra a expulsão dos civis palestinianos.
Agentes policiais dispersaram o protesto, recorrendo inclusive a camião com um jato de água fétida, indicou a agência noticiosa Efe.
Os protestos em Sheij Yarrah por parte de israelitas contra a ocupação ocorrem todas as sextas-feiras desde há vários anos, e hoje juntaram centenas de pessoas quando a região permanece sob grande tensão devido à escalada de violência no conflito israelo-palestiniano.
No total, a polícia deteve oito pessoas suspeitas de "alteração da ordem pública" e promoverem "desordem".
Em Huwara, o exército israelita utilizou granadas de atordoamento contra centenas de ativistas israelitas que pretendiam visitar a localidade em solidariedade com os habitantes locais, na sequência do ataque dos colonos, indicou o diário "Haaretz".
Os manifestantes foram impedidos por soldados de entrar na localidade, apesar de continuarem a permitir o acesso de colonos para promoverem novos distúrbios.
A região regista o início do ano mais sangrento desde 2002, com pelo menos 65 palestinianos mortos em confrontos e incidentes violentos com as forças militares e policiais. Pelo menos 14 israelitas também já foram mortos nos últimos dois meses no decurso de ataques palestinianos em território ocupado.
O atual Governo de coligação liderado por Benjamin Netanyahu, o mais extremista de direita e racista de toda a história de Israel, com partidos que pretendem o aumento da repressão contra os palestinianos e o reforço da colonização judaica nos territórios ocupados, é o principal fator do aumento da tensão na região.
Israel garantiu o controlo de Jerusalém leste e a Cisjordânia em 1967, na sequência da Guerra dos Seis Dias, uma das ocupações mais prolongadas da história recente.