Há séculos que o espetáculo luminoso das auroras boreais rompe os céus noturnos dos privilegiados que têm a sorte de viver perto de um dos polos da Terra. A última grande aparição das "luzes do norte" foi no início desta semana e surpreendeu tudo e todos ao chegar mais longe do que o habitual. Desta vez, até os britânicos e franceses puderam assistir de camarote à dança de luzes.
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Não é magia, nem manipulação humana. As luzes que costumam pintar os céus noturnos sem aviso prévio e que se movem como se alguém estivesse a comandá-las, são pura e simplesmente um presente da Terra e do Sol para os impressionáveis humanos.
As auroras boreais, também conhecidas como "luzes do norte", estão intimamente ligadas à atividade na superfície do Sol e por norma a sua observação está limitada aos países localizados perto dos círculos polares ártico e antártico, mas na última grande "atuação" da natureza a plateia foi maior do que a habitual, surpreendendo o comum dos mortais, que não está familiarizado com o este tipo de espetáculo. Nas madrugadas de segunda e terça-feira, partes do céu do Reino Unido e do norte de França foram presenteados com a aparição muito rara de uma aurora boreal, que foi imortalizada por muitos internautas nas redes sociais e pelos astrofotógrafos que dedicam a vida a tentar captar a beleza única e irrepetível deste fenómeno.
WOW. I never thought I would get to see the Northern Lights this far south in the UK, here in Dorset! What an incredible display at Knowlton Church tonight, absolutely unforgettable. #aurorauk #northernlights #aurora #auroraborealis #northernlightsuk #dorset pic.twitter.com/9mPfp5ITxt
- Robin Goodlad Photo (@Robin_Goodlad) February 28, 2023
A vista, agora há pouco, da casa do meu irmão, na costa noroeste da Escócia. #Auroraborealis pic.twitter.com/wTILxAkcxx
- Ritchie (@ritchieguy) February 26, 2023
Para quem viajava de avião, a vista para o fenómeno era privilegiada e, por isso, o piloto do voo AY488 da Finnair, que ligava Kuusamo a Helsínquia, na Finlândia, decidiu alterar a rota do Airbus A319 ao largo da cidade de Puolanka para que os passageiros pudessem observar a aurora boreal dos "ares" e de forma única.
The pilot of a @Finnair flight turned the plane around and swerved off course to show the passengers the Aurora Borealis. After the flight, they thanked the pilot on social networks.
- Aurora Borealis (@aborealis940) March 1, 2023
Hope he wasn"t fired after pic.twitter.com/lxEJkDe5Kh
A rota do avião da Easyjet, que fazia a ligação entre Reiquejavique e Manchester, no dia 27 de fevereiro, também foi alterada ao largo da Ilhas Faroé, para mostrar as "luzes do norte" aos passageiros.
Big thanks to the @easyJet pilot of EZY1806 from Reykjavik to Manchester who did a 360 fly by mid flight to make sure all passengers could see the incredible Northern Lights pic.twitter.com/A4CHi9Hqgo
- Adam Groves (@APTGroves) February 27, 2023
Este fenómeno atmosférico deve-se às erupções solares na superfície do Sol, que libertam enormes nuvens de partículas. Essas partículas "viajam" milhões de quilómetros pelo espaço e algumas delas acabam por colidir com o Planeta Azul, atraídas pelo campo magnético da Terra. É por isso que a atividade da aurora está sobretudo concentrada nos polos. No Norte é conhecida como a aurora boreal e no Sul é chamada de aurora austral.
E a razão pela qual se observam diferentes cores no céu está relacionada com o facto destas partículas interagirem com o oxigénio e o azoto da atmosfera, que emitem diferentes cores durante uma aurora. O verde e vermelho são características do oxigénio, enquanto as cores roxas, azul ou rosa são causadas pelo azoto.
- - 27 Février 21h59,
- Mathieu Rivrin - Photographies (@mathieurivrin) March 1, 2023
A peine croyable, une aurore boréale fugace a parcouru hier soir le ciel de Normandie au dessus du Mont Saint-Michel pour un moment magique et inoubliable.#auroreboreale #montsaintmichel pic.twitter.com/geuXjKyzdl
As auroras são o melhor exemplo de como a atividade solar pode afetar a vida na Terra. Quando se trata de uma erupção solar forte, as partículas podem viajar para lá dos polos em direção a latitudes médias, como Kent e Cornwall, no sul de Inglaterra e ainda o norte de França, como aconteceu no início desta semana.
If you"d have told me yesterday morning that by 9pm I"d be stood in a random field photographing the Aurora Borealis I would not have believed you - but you"d have been right.
- Kerrie Ann Gardner (@KerrieDoodles) February 28, 2023
The Northern Lights, seen from the Devon-Dorset border, 27th February 2023. pic.twitter.com/kshlKONCjB
Incredible views of northern lights captured in UK skies #news #uk #northernlights #auroraborealis #sky #night #colour #arctic #antarctic #l pic.twitter.com/yw3v1wCsCs
- KameraOne (@kamera_one) February 27, 2023
Nos próximos anos, as "luzes do norte" poderão aparecer cada vez mais a Sul, isto porque o Sol atravessa um ciclo solar de 11 anos em que o nível de atividade flutua e nos próximos anos o ciclo vai intensificar-se. O ciclo 25, o mais recente, começou em dezembro de 2019 com um mínimo solar - um período em que o sol ainda está ativo, mas é mais calmo e tem menos manchas solares. Robert Massey, diretor-executivo da Royal Astronomical Society, disse à CNN que nos aproximamos de um máximo solar, previsto para julho de 2025, que será um período onde haverá um grande número de manchas solares e um consequente aumento da atividade solar. Logo, "os eventos solares que provocam auroras tornar-se-ão mais comuns à medida que nos aproximamos do máximo solar".
De acordo com o "Royal Museum Greenwich", "a parte mais baixa de uma aurora situa-se tipicamente a cerca de 130 quilómetros acima da superfície da Terra. No entanto, a parte superior de uma aurora pode estender-se vários milhares de quilómetros acima".