Autoridades mexicanas tinham de queimar cocaína apreendida mas trocaram-na por leite em pó
A Procuradoria Geral da República do México (FGR) apreendeu uma tonelada de cocaína no estado de Guerrero que, conforme exigido por lei, deveria ser incinerada. No entanto, um grupo de agentes substituiu a cocaína por leite em pó.
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O esquema foi descoberto e levou à demissão de uma dúzia de funcionários, incluindo o responsável por dar o sinal necessário para a operação, Arturo Serrano Meneses, que, de acordo com o jornal mexicano "Reforma", foi afastado dos escritórios da Unidade de Controlo Interno da Procuradoria-Geral da República no início de agosto, acusado de corrupção passiva, tráfico de influência e obstrução à justiça.
Entre os funcionários demitidos está também Sérgio Taboada, irmão do ex-presidente de Benito Juárez, um bairro central da Cidade do México, e ex-candidato do Partido de Ação Nacional (PAN) à chefia do governo mexicano. O partido Morena aproveitou a oportunidade para atacar o PAN, alegando que existe uma rede de corrupção e tráfico de drogas, operada em grande parte pelo irmão de Taboada, dentro da Procuradoria-Geral da República.
O caso da cocaína trocada por leite em pó é um dos vários que envolvem Serrano Meneses e os seus cúmplices. A FGR alega que o ex-auditor esteve envolvido em irregularidades na concessão de contratos públicos e na receção de dinheiro de fornecedores. Segundo a FGR, citada pelo jornal espanhol "El País", os réus enfrentam acusações graves de corrupção e omissão na verificação dos bens apreendidos e incineração da droga.
O secretário de Segurança Federal, Omar García Harfuch, confirmou que há uma investigação em andamento sobre Serrano Meneses e os seus colaboradores. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, solicitou ao procurador-geral Alejandro Gertz que apresentasse um relatório sobre o caso.
O paradeiro da cocaína desviada ainda é desconhecido.