Um edifício fabril de oito andares, perto de Daca, no Bangladesh, foi fechado, esta quarta-feira, depois de terem surgido fissuras nas paredes que desencadearam o pânico entre os trabalhadores, anunciaram a polícia e as autoridades locais.
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De acordo com os responsáveis, as fissuras do "Razzaq Plaza" são idênticas às que foram assinaladas no "Rana Plaza", edifício que ruiu a 24 de abril em Savar, nos arredores de Daca, e causou a morte de 1229 operários.
O acidente no "Rana Plaza" foi considerado o pior da história industrial do Bangladesh e levou á detenção do proprietário.
As fissuras nas paredes do "Rana Plaza" foram registadas na véspera do acidente, mas os responsáveis das fábricas têxteis garantiram aos trabalhadores não existir qualquer perigo.
De acordo com Kamrul Hasan Molla, representante do governo local de Savar, os proprietários do "Razzaq Plaza", um complexo próximo das ruínas do "Rana Plaza", suspenderam a produção e os inspetores fecharam o edifício por medida de precaução.
"Visitámos o complexo e proíbimos a entrada até que seja inspecionado por peritos", disse Molla à agência noticiosa francesa AFP.
"Trata-se de uma medida de precaução porque não podemos correr nenhum risco depois da tragédia do 'Rana Plaza'", acrescentou.
No "Razzaq Plaza" funcionam, pelo menos, duas fábricas têxteis, que empregam cerca de cinco mil operários, disse à AFP o chefe da polícia local, Mostafa Kamal.
A tragédia do "Rana Plaza" tornou evidentes a falta de condições de trabalho e de segurança de milhões de operários têxteis no Bangladesh, denunciadas há anos por organizações de defesa dos trabalhadores desta atividade fundamental da economia do país.
Depois do acidente, as autoridades fecharam duas dezenas de fábricas por questões de segurança. Pelo menos 17 reabriram ao receberem "luz verde" dos peritos.
As grandes marcas de vestuário ocidentais assinaram um novo protocolo, no qual se comprometeram a garantir melhores condições de trabalho e inspeções independentes.
Com 4500 fábricas, o Bangladesh é o segundo exportador de vestuário do mundo, fornecendo, entre outras, marcas como a norte-americana Walmart, a francesa Carrefour e a sueca H&M.