Autoridades pró-russas vão julgar prisioneiros de Azovstal apesar dos avisos de Zelensky
O líder da autoproclamada República Popular de Donetsk afirmou esta segunda-feira que as autoridades separatistas pró-russas vão prosseguir com o julgamento dos militares ucranianos detidos no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, desafiando as advertências do presidente da Ucrânia.
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"Todos os criminosos, especialmente criminosos de guerra como os neonazis do [regimento] Azov, devem ser punidos", disse Denis Pushilin, em declarações à televisão pública russa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje que "não haverá mais conversações" com a Rússia se as autoridades separatistas pró-russas no leste da Ucrânia realizarem um "julgamento espetáculo" dos militares ucranianos que foram detidos em Mariupol.
"Se este julgamento desprezível for realizado, se o nosso povo for levado a este cenário de violação de todos os acordos, de todas as normas internacionais, se houver abusos (...). Esta será a linha a ultrapassar que tornará qualquer negociação impossível (...). Não haverá mais negociações", alertou Zelensky.
O presidente ucraniano disse que, de acordo com relatos dos meios de comunicação, em Mariupol, um palco está a ser montado para "um julgamento espetáculo absolutamente repugnante e absurdo dos defensores ucranianos".
O julgamento "dos nossos guerreiros, que são mantidos em cativeiro pelos ocupantes", prosseguiu o chefe de Estado ucraniano.
Pushilin confirmou hoje que os preparativos para o julgamento estão em curso.
"Os preparativos para a primeira fase do julgamento estão a terminar. Os órgãos de investigação estão a trabalhar e a data do primeiro julgamento de Mariupol depende destes", indicou o líder pró-russo.
Pushilin acrescentou que foram recolhidas informações sobre "80 crimes" cometidos por membros do regimento Azov e enfatizou que as palavras de Zelensky não afetarão as autoridades locais.
Os militares do regimento Azov - uma unidade criada em 2014, durante a primeira invasão da Federação Russa contra o território da Ucrânia, e que foi integrada mais tarde no exército regular de Kiev -- estiveram presentes na defesa da cidade portuária ucraniana de Mariupol conquistada em maio pela Rússia, após um assédio militar que se prolongou durante vários meses.
O complexo siderúrgico de Azovstal foi a última bolsa de resistência ucraniana nesta cidade portuária no Mar de Azov.