Israel anunciou esta sexta-feira ter aprovado "temporariamente" a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por um dos seus pontos de passagem, para descongestionar o de Rafah, entre aquele território palestiniano e o Egito.
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"O Governo aprovou temporariamente o descarregamento de camiões do lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom, em vez de os enviar de volta para Rafah", declarou o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, em comunicado.
"A decisão do Conselho de Ministros especifica que apenas a ajuda humanitária proveniente do Egito será entregue em Gaza desta forma", acrescenta a nota de imprensa.
No início desta semana, Israel tinha anunciado que iria instalar mais um posto de inspeção da ajuda humanitária que seria depois encaminhada para Rafah, alegando que tal permitiria "duplicar" a quantidade de ajuda a entrar no território palestiniano sob bombardeamentos do Exército israelita.
O anúncio do gabinete de Netanyahu surge na altura em que o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, se reuniu com altos responsáveis israelitas e palestinianos em Israel e na Cisjordânia ocupada.
Num comunicado, Sullivan saudou "um passo importante" e indicou que "foi um importante tema de discussão durante a [sua] visita a Israel nos últimos dois dias".
"Os Estados Unidos continuam empenhados em aumentar e manter o fluxo de ajuda humanitária que entra em Gaza", sublinhou o conselheiro da Casa Branca.
"Os Estados Unidos comprometeram-se a pagar para melhorar a passagem de Rafah o mais rapidamente possível, de modo a permitir a entrada de ajuda humanitária apenas através de Rafah, depois dos controlos israelitas", precisou o comunicado do gabinete de Netanyahu.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também saudou o anúncio, mas apelou para que a ajuda possa "seguir para todo o lado", e "não apenas para o sul de Gaza, mas também para o norte de Gaza".
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de proporções sem precedentes perpetrado a 7 de outubro em território israelita pelo movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder naquele enclave palestiniano e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.
O ataque do Hamas fez 1200 mortos, na maioria civis, e cerca de 240 reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 70.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 18.800 mortos, na maioria civis, e mais de 50.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 281 palestinianos foram mortos desde 7 de outubro pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.