A Polónia deu a ideia, os Estados Unidos disseram que não e a Ucrânia implorou que sim: o envio dos caças MiG-29 para as tropas ucranianas está a criar fissuras na NATO com Washington a mostrar-se cautelosa. Volodymyr Zelensky reforça os apelos de ajuda.
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O presidente ucraniano pediu, esta quarta-feira, ao Ocidente que "decida o mais rápido possível" sobre o envio dos aviões militares MiG-29 (de fabrico russo), proposto pela Polónia para ajudar o país a combater a invasão russa mas travado pelos Estados Unidos. "Decidam o mais rápido possível, enviem-nos os aviões. Resolvam imediatamente", insistiu Zelensky, numa mensagem difundida nas redes sociais.
Aviões militares MiG-29 são caças utilizados em combate aéreo. Foram desenvolvidos no início da década de 1970 e entraram ao serviço da União Soviética em 1982
O apelo desesperado do chefe de Estado ucraniano acontece horas depois de Washington ter considerado inviável a proposta de Varsóvia de entregar todos os seus caças MiG-29 aos norte-americanos, para depois serem enviados para a Ucrânia como parte das medidas de apoio militar a Kiev. "Continuaremos a consultar a Polónia e os nossos outros aliados da NATO sobre esta questão e os difíceis desafios logísticos que ela apresenta, mas não acreditamos que a proposta da Polónia seja viável", sublinhou o porta-voz do Pentágono, em comunicado divulgado esta quarta-feira, explicando que uma operação deste género, no sentido de ajudar militarmente a Ucrânia face à invasão russa, levanta "motivos de preocupação importantes para toda a NATO".
"A perspetiva de caças à disposição do governo dos Estados Unidos partindo de uma base dos EUA/NATO na Alemanha para voar no espaço aéreo que é contestado com a Rússia sobre a Ucrânia levanta sérias preocupações para toda a Aliança", defendeu John Kirby, depois de, na terça-feira, o Governo polaco ter garantido estar preparado para enviar todos os seus aviões de combate MiG-29 para a base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha, abrindo caminho ao uso dos aparelhos pelas forças militares ucranianas, conforme solicitado por Kiev.
Segundo a agência de notícias Associated Press, esta decisão possibilitaria à Ucrânia utilizar os caças em causa, uma vez que os pilotos ucranianos estão treinados para pilotar caças da era soviética. E, em troco, a Polónia - que instou os outros dois estados-membros da NATO com caças MiG-29 a seguirem o seu exemplo (Bulgária e Eslováquia) - receberia caças F-16 norte-americanos para compensar as perdas.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, está esta quarta-feira na Polónia para discutir questões relacionadas com a "assistência militar" à Ucrânia, há 14 dias sob uma dura ofensiva militar russa, que já terá matado milhares de soldados e centenas de civis, além de ter provocado mais de dois milhões de refugiados.
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