O secretário-geral cessante das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lembrou esta segunda-feira no seu último discurso perante a Assembleia-Geral, uma vida marcada pela presença da ONU.
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"Sou uma criança das Nações Unidas. A sua comida alimentou-nos, os seus livros ensinaram-nos", disse, referindo-se à presença da organização na Coreia do Sul após a Guerra da Coreia.
"Para nós, o poder da ONU nunca foi abstrato. E esta é a história de muitos milhões de pessoas à volta do mundo", disse. "Mesmo agora, quando me preparo para partir, o meu coração fica aqui, onde sempre esteve desde criança, nas Nações Unidas."
O meu coração fica aqui, onde sempre esteve desde criança, nas Nações Unidas
Na mesma cerimónia, António Guterres prestou juramento sobre a Carta das Nações Unidas como 9.º secretário-geral da organização.
Lembrando os desafios dos seus 10 anos à frente da ONU, como a crise financeira de 2008 e o crescimento da ameaça do terrorismo, Ban Ki-moon disse estar "muito comovido pela homenagem" e considerou os seus dois mandatos "o grande privilégio de uma vida."
"Apesar das dificuldades, salvamos vidas e protegemos a vida de dezenas de milhões", sublinhou.
O secretário-geral cessante adiantou que há um sentimento à volta do mundo de que "as lideranças [políticas] são desligadas e incapazes de responder" às necessidades das suas populações e que "há um crescente défice de liderança internacional." Estes desafios, defendeu, devem motivar o rumo da organização.
"Estes objetivos e ideias são os que as pessoas merecem hoje, não num futuro longínquo, nos países em desenvolvimento como nos países mais pobres, e são eles que devem continuar a motivar o nosso trabalho", disse.
Ban Ki-moon disse ainda que espera que António Guterres leve a organização "a novos e mais altos desígnios."
Na cerimónia discursaram o presidente da Assembleia-Geral, Peter Thomson, os presidentes dos grupos regionais e a representante do país que acolhe a sede da ONU, a embaixadora americana Samantha Power.