Um popular bar de Sevilha, em Espanha, anunciou uma descoberta inesperada: durante as obras de renovação que decorriam desde o verão passado, foi encontrado um hammam do século XII perfeitamente preservado. O único conhecido na Península Ibérica.
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"Foi uma enorme surpresa", lê-se na página de Facebook da cervejaria Giralda, um popular bar situado ao lado da catedral de Sevilha que, por estes dias, tem sido notícia.
Com obras de renovação em curso desde o verão de 2020, foi revelada a existência de um hammam do século XII. Hammam significa 'banho' em árabe, ou seja, ali funcionou um espaço de banhos públicos, onde era hábito a comunidade islâmica se reunir para cuidados de saúde e higiene.
É o único espaço do género identificado na Península Ibérica, segundo o "El País", o que faz os arqueólogos suspeitar que não será o único.
A renovação do bar deixou à mostra este "tesouro" de pinturas murais de grande qualidade que cobrem todo o espaço e que são únicas em Espanha e Portugal, quando todos pensaram que havia apenas exemplos de arte mudéjar, que combina estilos artísticos cristãos com a arte islâmica, explica o "El País" o arquiteto responsável pelas obras, Fran Díaz.
Primeiro uma claraboia em forma de estrela, depois outra... são 88 no total de cinco formas distintas, nomeadamente octogonais. E no espaço de 202 metros quadrados houve uma sala fria, outra morna e outra quente, para os diferentes tratamentos.
"O mais importante é que verificámos que este espaço de banhos públicos estava totalmente pintado, de cima a baixo, e com uma decoração geométrica de elevada qualidade. Os desenhos estão em almagra [pigmento avermelhado] sobre branco e grandes fragmentos foram preservados em abóbadas e paredes. Este é o único banho público islâmico que nos chegou com uma decoração integral, até agora só se conheciam exemplares com pinturas nos rodapés", sublinha o arqueólogo Álvaro Jiménez, citado pelo jornal espanhol.
"Foi uma surpresa absoluta. Esta importante descoberta dá-nos uma ideia de como teriam sido outros banhos públicos [na época], especialmente em Sevilha, que foi uma das duas capitais do império, juntamente com Marraquexe", acrescenta Fernando Amores, outro arqueólogo envolvido nos trabalhos de análise.
"Dada a importância dos achados, a arquitetura deu um passo atrás para dar destaque à arqueologia", sublinha Fran Díaz, indicando que o espaço poderá voltar a funcionar como bar, previsivelmente no próximo mês de março quando terminarem as obras, mantendo preservadas mas visíveis as pinturas e claraboias do século XII.