Há um batalhão pouco ortodoxo, que integra vários elementos que defendem a ideologia neonazi, de extrema-direita e antirrussa que está a defender a Ucrânia. Destacaram-se nas batalhas de 2014, contra os separatistas do Donbass. E batem-se agora em Mariupol, uma das cidades mais castigadas pelos bombardeamentos russos.
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Quando Vladimir Putin iniciou a "operação militar especial" na Ucrânia, um dos motivos que apontou foi a "desnazificação" do país. Continua a ser difícil entender ao que se referia o presidente russo, uma vez que o governo ucraniano nunca revelou indícios de defender ideologias desse tipo, mas o batalhão Azov pode ser um dos motivos por detrás do discurso. Mas, afinal, que milícia é esta, que utiliza símbolos nazis e quer "lutar contra os sub-humanos"?
Origem na extrema direita
O Batalhão de Azov foi formado pelos movimentos Patriotas da Ucrânia e Assembleia Nacional Social, grupos de extrema-direita. O cabeça de cartaz do batalhão é Andrei Bilitsky, cofundador da Assembleia Nacional Social e líder do partido Corpo Nacional, que foi deputado no parlamento ucraniano entre 2014 e 2019.
O grupo ganhou protagonismo durante a guerra de 2014, quando as regiões de Donetsk e Lugansk foram zonas de batalha entre separatistas russos e ucranianos. Nessa altura, este pequeno exército defendeu, sobretudo, a cidade de Mariupol, situada dentro da região de Donetsk, considerada estratégica devido à sua zona portuária. Aliás, Mariupol é uma das cidades-mártir desta guerra, estando debaixo de bombardeamento deste o primeiro dia da invasão russa.
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"Liderar a raça branca"
Em 2014, um dos membros do Batalhão de Azov prestou declarações ao jornal britânico The Guardian, onde referiu que a Ucrânia precisava "de um ditador forte, que possa derramar sangue e unir a nação". Alguns elementos deste grupo mostram ter ideias deturpadas sobre o que foi o holocausto (céticos quanto à sua existência) e quanto a Hitler, considerando o antigo líder alemão como "um militar com entusiasmo".
Na mesma entrevista, o representante do Batalhão mostrou grande animosidade relativamente a Vladimir Putin, que não considera ser russo mas sim judeu.
Em 2018, Andrei Bilitsky explicitou a ideologia nazi do grupo, afirmando que "a Ucrânia deve liderar a raça branca do mundo numa cruzada final contra os sub-humanos".
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Combate em Mariupol
Em 2014, a opinião pública russa foi inundada com propaganda segundo a qual o governo de Kiev, composto por nazis, pretendia matar todos os russos nas regiões de Donetsk e Lugansk (o Donbass, que faz fronteira com a Rússia). A mesma justificação usada por Putin para invadir a Ucrânia: "desnazificar" a Ucrânia. Os mais próximos dessa ideologia são de facto alguns dos membros do Batalhão de Azov.
Ao que se sabe, o Batalhão de Azov continua a combater na cidade de Mariupol. Mas, apesar de estarem a defender o seu país, muitas são as críticas entre a comunidade ocidental quanto ao perigo que poderão representar no futuro da Ucrânia, dada a sua vontade de impor um governo ditatorial.