As autoridades da Bielorrússia perdoaram a pena de oito anos de prisão do jornalista dissidente Roman Protasevich, cuja detenção levou ao desvio de um voo comercial para Minsk, noticiou esta segunda-feira a agência oficial bielorrussa.
Corpo do artigo
"Acabei literalmente de assinar todos os documentos relevantes que comprovam que fui perdoado. Isto, claro, é uma ótima notícia", disse Protasevich à Belta, segundo a agência norte-americana AP.
O jornalista disse estar "profundamente grato" à Bielorrússia e pessoalmente ao presidente Alexander Lukashenko pela decisão.
"Soube que o presidente assinou o perdão em 16 de maio. Finalmente, toda a minha história desagradável terminou. Estou muito feliz. Estou muito emocionado. Não consigo sequer formular um pensamento", disse, citado pela Belta.
Protasevich, 28 anos, e a namorada russa, Sofia Sapega, 25, foram detidos em 23 maio de 2021, quando viajavam da Grécia para a Lituânia num avião que foi forçado a aterrar em Minsk pela força aérea bielorrussa.
As autoridades de Minsk alegaram uma "ameaça de bomba" a bordo do aparelho da companhia irlandesa Ryanair para justificar a aterragem forçada, mas uma investigação da ONU concluiu ter sido "deliberadamente falsa".
Protasevich foi condenado a oito anos de prisão em 03 de maio passado, juntamente com outros dois jornalistas do Nexta, Stepan Putilo, que recebeu uma pena de 20 anos, e Jan Rudik, sentenciado a 19 anos.
O tribunal de Minsk acusou os jornalistas de tentativa de "tomada do poder", assim como de "atos terroristas" e de insultos contra o chefe de Estado.
Putilo e Rudik não compareceram no julgamento, dado que não vivem na Bielorrússia.
Protasevich também não residia no país e a sua detenção só foi possível com o desvio forçado do avião.
Os países ocidentais condenaram o desvio do voo como equivalente a um sequestro e impuseram fortes sanções contra Lukashenko e a Bielorrússia.
Após a detenção, o jornalista fez várias confissões na televisão estatal que, segundo os críticos do regime, foram feitas sob coação.
Mais tarde, foi libertado e colocado em prisão domiciliária.
Em tribunal, Protasevich afirmou que foi usado pela oposição no exílio e lamentou as consequências das ações de que foi acusado.
"O meu desejo sincero era mudar a vida do nosso povo e o nosso país para melhor, mas estava muito enganado, escolhi o caminho errado", disse, na altura, segundo um portal de notícias da oposição bielorrussa.
A namorada do jornalista foi condenada a seis anos de prisão em maio de 2022, por incitamento ao ódio social e recolha ilegal de dados pessoais, entre outras acusações.
Em abril, as autoridades russas disseram que Sapega tinha concordado em cumprir a pena na Rússia, depois de Lukashenko lhe ter recusado um pedido de clemência.
A organização bielorrussa de defesa dos direitos humanos Viasna afirma que cerca de 1.500 pessoas foram presas na Bielorrússia em ligação com atividades da oposição.
Entre elas encontra-se o fundador da Viasna, Ales Bialiatski, um dos laureados com o Prémio Nobel da Paz em 2022, que foi condenado a 10 anos de prisão em março.
Lukashenko, 68 anos, um aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, está no poder desde 1994.