Bilionários suíços ofereceram ouro e Rolex a Trump semanas antes da redução das tarifas

Utilizadores rastrearam presentes através de fotografias do mês de novembro
Foto: Brendan Smialowski/AFP
Um grupo de bilionários suíços presentearam o presidente norte-americano com um relógio de mesa da Rolex de ouro e uma barra de ouro gravada de 130 mil dólares (113 mil euros) na primeira semana deste mês de novembro, antes de Donald Trump decidir reduzir as tarifas de importação suíças de 39% para 15%.
Corpo do artigo
Os presentes passaram despercebidos até que utilizadores da Internet se propuseram a descobrir a origem de um novo relógio fotografado na mesa da Sala Oval de Trump, de acordo com o jornal britânico "The Guardian". Foi numa fotografia da primeira semana de novembro que encontraram uma delegação de sete homens da Suíça, entre eles Jean-Frédéric Dufour, CEO da Rolex.
O relógio do estilo do Datejust, um relógio de pulso automático lançado em 1945 e hoje um valioso objeto de colecionador, tem uma "luneta canelada dourada, um mostrador verde e uma lente de aumento para visualizar a data", segundo o site especializado de relógios "Hodinkee", que acrescenta que o produto "não está disponível comercialmente".
Já a barra de ouro, com os números 45 e 47 gravados em homenagem ao primeiro e segundo mandatos de Trump, foi oferecida por Marwan Shakarchi, presidente da refinaria de ouro suíça MKS.
Presentes visíveis na mesa de Trump (Foto: Brendan Smialowski/AFP)
"Não vendemos a nossa alma ao diabo"
Os presentes estão a causar polémica, com Lisa Mazzone, presidente do Partido Verde suíço, a afirmar que os presentes pareciam demonstrar que a "lógica corrupta de Trump envenenou a elite suíça". "É inaceitável que o conselho federal esteja a contar com a ajuda de uma elite económica que representa interesses privados e carece de legitimidade democrática nas suas negociações com o presidente dos EUA", acrescentou.
Por sua vez, o ministro da Economia suíço, Guy Parmelin, rejeitou as críticas ao lóbi e referiu que os empresários viajaram para Washington para "explicar" os efeitos das tarifas no comércio. "Não vendemos a nossa alma ao diabo", afirmou o governante, em declarações ao jornal "Tages-Anzeiger". "Ficaria orgulhoso se voltássemos às tarifas zero. Foi uma longa jornada e o resultado é o melhor que poderíamos alcançar. Acima de tudo, dá-nos um ponto de partida para as próximas negociações".
Também um porta-voz da Casa Branca negou a ligação entre os presentes e o acordo de redução das tarifas, dizendo que "o único interesse especial que guia a tomada de decisões do presidente Trump é o melhor interesse do povo americano", e que o acordo seguiu-se a uma promessa da Suíça de investir "200 mil milhões de dólares (174 mil milhões de euros) na produção e contratação nos Estados Unidos".
Segundo um funcionário norte-americano, a Casa Branca já aceitou milhares de presentes que foram para os Arquivos Nacionais, mas que podem ser exibidos durante o mandato de um presidente.

