O presidente dos bispos católicos gregos pediu ao papa Bento XVI para intervir a favor do povo da Grécia que se encontra "numa situação social trágica", segundo uma entrevista hoje publicada num jornal italiano.
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"Espero que o meu apelo chegue ao papa. Precisamos de ajuda para prestar assistência ao povo grego. A situação social é trágica", afirmou, em declarações ao jornal "Il Messaggero", Francesco Papamanolis, ao comentar os efeitos das medidas de austeridade impostas pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Governo de Atenas.
O prelado, que vive na ilha grega de Syros, descreveu que o hospital local está sem aquecimento, numa altura em que a Grécia também sente os efeitos das baixas temperaturas, bem como alertou que os cofres dos bispos estão quase vazios, que estão a ser obrigados a vender bens imobiliários para fazer face aos novos impostos.
Na mesma entrevista, Francesco Papamanolis lamentou que os episcopados de outros países europeus não sejam solidários com a Grécia.
"Também informámos a Congregação para as igrejas orientais do Vaticano. Lançamos vários apelos. Até agora nada. Imagino que eles leem jornais e sabem o que se está a passar", afirmou Francesco Papamanolis.
"Nós, os católicos, somos uma pequena minoria na Grécia, mas temos contribuído para a sociedade", concluiu.
O gabinete do primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, confirmou na sexta-feira à noite que o governo de coligação tinha aprovado "unanimemente" o acordo imposto pela zona Euro e respectivas medidas de austeridade para garantir um segundo plano de resgate, vital para o país evitar a bancarrota.
O acordo incluiu despedimentos na função pública e uma redução nos custos da mão-de-obra, de forma a que a Grécia possa receber um empréstimo de resgate de 130 mil milhões de euros antes de 20 de Março, quando o país terá de reembolsar 14,5 mil milhões de euros aos detentores de dívida pública grega.
O novo pacote de austeridade prevê um corte de 22% no salário mínimo, uma redução de 15% nas pensões complementares e o despedimento de 15 mil funcionários públicos já este ano, para cumprir uma meta de 150 mil redução de postos de trabalho na função pública até 2015.