Alvo de diversas investigações criminais, incluindo o caso de fraude nos registos de vacinação, ex-presidente brasileiro enfrenta futuro político incerto.
Corpo do artigo
Jair Bolsonaro cancelou esta quinta-feira a vinda a Portugal que ocorreria este mês, um dia após a Polícia Federal (PF) ter realizado buscas na residência em Brasília do ex-presidente brasileiro, investigado no caso de adulteração de certificados de vacina de covid-19. A incerteza sobre o futuro do antigo chefe de Estado motivou o adiamento da Cimeira Mundial da Direita, promovida pelo Chega, em Lisboa.
A deslocação de Bolsonaro a Portugal estava condicionada pela posse do passaporte, informou ao JN fonte próxima do ex-presidente. O juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tinha autorizado a busca e a apreensão do passaporte, de armas e de munições do antigo chefe de Estado, noticiou o jornal "Folha de S. Paulo". Apesar da permissão, a PF considerou que o documento não era necessário para o curso da investigação, não ocorrendo a apreensão, segundo comunicado do STF citado pelo diário.
Mesmo com o passaporte em mãos, como refere a Imprensa brasileira, Bolsonaro cancelou a vinda a Portugal, onde participaria na Cimeira Mundial da Direita. O evento promovido pelo Chega ocorreria nos dias 13 e 14 de maio, em Lisboa, e reuniria líderes da extrema-direita de todo o Mundo, incluindo o ex-presidente do Brasil e o vice-primeiro-ministro de Itália, Matteo Salvini.
A ausência do antigo chefe de Estado sul-americano fez com que André Ventura anunciasse esta quinta-feira o adiamento da cimeira. O presidente do Chega justificou a decisão na "perseguição a que alguns dos principais convidados têm estado sujeitos, envoltos em manobras de manietação". Ventura citou ainda num vídeo a apreensão do passaporte de Bolsonaro, facto contrário ao que estar a ser veiculado nos média brasileiros.
Golpe de Estado foi discutido
Uma tentativa de golpe de Estado foi discutida em dezembro entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-militar Ailton Barros, ambos detidos na quarta-feira, segundo dados obtidos pela CNN Brasil. Em áudios sob posse da PF, Barros terá incentivado a pressionar o comandante do Exército para fazer um pronunciamento em "defesa do povo brasileiro". Caso não aderisse à ideia, o ex-militar sugeriu que Bolsonaro discursasse para "levantar a moral da tropa".
A operação que deteve Cid e Barros investiga um esquema de fraude em certificados de vacinas. A PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, incluindo a Bolsonaro, e prendeu preventivamente seis pessoas.
Desvios em Gabinete de filho de Bolsonaro
O Ministério Público do Rio de Janeiro produziu um laudo, obtido pelo jornal "O Globo", que comprova a prática de desvio de salários de assessores no Gabinete do vereador carioca e filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro. Jorge Luiz Fernandes, chefe do Gabinete, recebeu cerca de 364 mil euros entre 2009 e 2018 de seis contas de funcionários nomeados por Carlos. A Fernandes será imputado o crime de peculato, indica o diário. Os investigadores querem agora saber se o pagamento de despesas do vereador por contas pessoais do chefe de Gabinete foi esporádico ou frequente.