Quase 400 mil pessoas foram deslocadas na Faixa de Gaza desde o reinício das operações militares israelitas, a 18 de março, anunciou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
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"Os sobreviventes em Gaza estão a ser repetidamente deslocados e forçados a viver num espaço cada vez mais pequeno, onde as necessidades básicas não podem ser satisfeitas", denunciou Stéphane Dujarric.
O porta-voz de Guterres lembrou que quase todos os 2,4 milhões de habitantes de Gaza já foram deslocados pelo menos uma vez entre 7 de Outubro de 2023 e o início do cessar-fogo de janeiro.
Numa declaração conjunta, os responsáveis do Gabinete da ONU para os Refugiados (ACNUR), Tom Fletcher, da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Catherine Russell, do Programa Alimentar Mundial (PAM), Cindy McCain, do Escritório da ONU de Serviços para Projetos (UNOPS), Jorge Moreira da Silva, e da Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, pediram ao mundo que "atue urgentemente para salvar os palestinianos em Gaza".
Os residentes de Gaza estão a ser "bombardeados e a morrer de fome, enquanto nas travessias se acumulam alimentos, medicamentos, combustível e abrigos, e equipamentos vitais estão bloqueados", lamentaram os líderes destas organizações, desmentindo informações segundo as quais ainda há alimentos suficientes para alimentar os palestinianos.
"Total desrespeito pela vida humana"
Na nota conjunta, os representantes apontam que mais de mil crianças foram mortas ou feridas por ataques israelitas apenas na primeira semana após a rutura do cessar-fogo, representando o "maior número de mortes numa semana entre crianças em Gaza" nos últimos 12 meses.
"Estamos a testemunhar atos de guerra em Gaza que mostram um total desrespeito pela vida humana", denunciaram.
"Novas ordens israelitas de deslocamento forçaram centenas de milhares de palestinianos a fugir mais uma vez, sem um lugar seguro para ir. Ninguém está seguro", insistiram, recordando que pelo menos 408 trabalhadores humanitários foram mortos desde outubro de 2023, quando a guerra começou.
"Com o bloqueio israelita reforçado em Gaza agora no seu segundo mês", os representantes da ONU apelaram aos líderes mundiais "para agirem - com firmeza, urgência e de forma decisiva - para garantir que os princípios básicos do direito internacional humanitário sejam mantidos".
"Protejam os civis. Facilitem a ajuda. Libertem os reféns. Renovem um cessar-fogo", instaram ainda.