O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse esta quarta-feira acreditar ainda ser possível "alcançar um bom acordo" pós-Brexit com a União Europeia (UE), mas recusou aceitar algumas das condições que diz estarem a ser propostas por Bruxelas.
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"Ainda é possível alcançar um bom acordo", afirmou aos deputados, no debate semanal na Câmara dos Comuns, manifestando aguardar "com expectativa" o encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esta quarta-feira à noite em Bruxelas.
Porém, queixou-se. "Os nossos amigos na Europa estão a insistir que, se eles passarem uma nova lei no futuro e nós não respeitarmos ou acompanharmos, então querem ter o direito automático de nos castigar e retaliar" e os termos propostos pela UE implicariam que o Reino Unido seria "o único país no mundo a não ter controlo soberano sobre as suas águas de pesca".
"Não penso que sejam condições que qualquer primeiro-ministro deste país deva aceitar", vincou.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de estar "completamente encalhado" na hesitação entre o acordo que sabe que é preciso e o compromisso que "sabe que os seus deputados não o vão deixar fazer", numa referência aos deputados eurocéticos que poderão dificultar a ratificação de um futuro acordo mesmo que o Governo alcance um entendimento com a UE.
Numa referência a uma fábrica de automóveis que decidiu instalar em França em vez de no País de Gales, o líder do principal partido da oposição lamentou que a demora em alcançar um acordo "para algumas pessoas e postos de trabalho, já é demasiado tarde", mas não foi claro sobre a orientação de voto do 'Labour'.
"Se houver acordo, e espero que haja acordo, o meu partido vai votar no interesse nacional, não por interesse político", prometeu.
Ursula von der Leyen recebe hoje em Bruxelas o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para tentar desbloquear as negociações sobre um futuro acordo de comércio apenas três semanas antes da separação final entre Londres e a União Europeia.
Britânicos e europeus estão há meses em negociações, mas sem progresso sobre as questões mais delicadas, o que aumenta o risco de fracasso com consequências de longo alcance económico.
Os principais pontos de discórdia desde março continuam a ser o acesso europeu às águas britânicas, como resolver disputas no futuro acordo e as garantias exigidas pela UE em Londres em termos de concorrência em troca de um acesso sem direitos aduaneiros ou quotas ao mercado continental.