A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, defendeu esta terça-feira, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a criação de regras multilaterais para a Internet que garantam a segurança dos dados trocados na rede.
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"O Brasil apresentará propostas para a criação de um marco civil multilateral para o uso da Internet e a segurança dos dados que por ela trafegam", afirmou Dilma Rousseff durante o discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, EUA.
A líder brasileira defendeu ainda que esse processo seja liderado pelas Nações Unidas, no sentido de garantir a soberania dos Estados e o sigilo dos dados de todos os cidadãos, sem discriminação política ou religiosa.
"A ONU deve desempenhar um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias e a importância da Internet para a construção da democracia no mundo", acrescentou.
Dilma considerou "uma violação" da soberania do seu país a espionagem diplomática e económica por parte dos Estados Unidos.
As declarações acontecem uma semana após o cancelamento da viagem oficial que a Presidente brasileira faria aos Estados Unidos, em outubro.
A decisão aconteceu após a imprensa brasileira ter divulgado, no início deste mês, que Dilma Rousseff fora alvo do programa de espionagem norte-americano levado a cabo pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
As denúncias tiveram como fonte o jornalista Glenn Greenwald, que teve acesso a documentos secretos obtidos pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden, atualmente asilado na Rússia.
De acordo com os documentos, mensagens de telefone e emails trocados pela líder brasileira com seus assessores e ministros mais próximos terão sido monitorados pelo Governo norte-americano.
Em encontro com o presidente Barack Obama, Dilma Rousseff pediu explicações. A resposta, no entanto, foi considerada insuficiente, levando ao adiamento da viagem oficial.
"Não se sustenta o argumento de que a interceção ilegal destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. O Brasil sabe proteger-se e não dá abrigo a grupos terroristas", ressaltou Dilma Rousseff, durante o discurso frente a chefes de Estado e de Governo de 193 nações.
O Brasil é o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU seguindo a tradição iniciada na primeira assembleia, em 1947.