O Brasil foi em 2024 o quarto país mais mortal para os defensores do ambiente, de acordo com um relatório da organização não-governamental (ONG) Global Witness.
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O documento, divulgado na terça-feira, estima que 12 ativistas ambientais foram mortos no ano passado no Brasil, um balanço que inclui seis pequenos agricultores, quatro indígenas e um afrodescendente.
Embora o número de vítimas mortais tenha caído face a 2023 (25 mortes), o relatório sublinha que houve mais tentativas de intimidação, ameaças de morte ou tentativas de homicídio.
Citando dados da organização brasileira Comissão Pastoral da Terra, a Global Witness referiu que houve 481 tentativas de assassínio, 44% contra indígenas e mais de 27% contra comunidades quilombolas (descendentes de escravos fugitivos que formaram comunidades autossustentáveis).
Desde 2012, pelo menos 413 defensores da terra e do ambiente foram assassinados ou desapareceram no Brasil, incluindo 36 afrodescendentes, sublinhou a Global Witness.
No total, quase 150 ativistas ambientais foram mortos ou desapareceram em todo o mundo no ano passado, um fenómeno particularmente acentuado na América Latina, em particular na Colômbia, referiu a organização.
"A Global Witness documentou 146 assassínios e desaparecimentos prolongados de defensores da terra e do ambiente em 2024", refere a ONG. Isto corresponde a "aproximadamente três pessoas (...) mortas ou desaparecidas a cada semana ao longo de 2024", sublinha.
Este número é inferior ao de 2023 (196 casos), mas "isso não indica que a situação dos defensores esteja a melhorar", aponta a ONG, que acredita que o número de casos é subestimado em vários países.
De acordo com a Global Witness, mais de quatro em cada cinco casos documentados ocorreram na América Latina.
A Colômbia continua a ser o país mais mortífero, com 48 assassínios registados no ano passado, em comparação com 79 em 2023. O país representa um terço das vítimas no mundo.
A organização apontou a produção agrícola ilegal e o tráfico de droga como "uma causa primária da violência" e destacou a "cultura do silêncio".
"Muitos povos indígenas, comunidades camponesas e afrodescendentes que vivem na Colômbia temem manifestar-se contra os danos ambientais causados pelas indústrias extrativas, especialmente os defensores que operam perto de grupos armados e em zonas de conflito", observa a ONG.
Dos 48 homicídios registados no ano passado na Colômbia, pelo menos, 20 foram de camponeses e 19 de membros de comunidades indígenas, incluindo 13 membros da comunidade Nasa, no departamento de Cauca (sudoeste), refere o relatório.
A Colômbia, assolada por vários grupos armados que praticam a mineração ilegal e o tráfico de cocaína, é seguida pela Guatemala (20), México (19), Brasil e Filipinas (oito).
Desde 2012, quando a Global Witness iniciou este censo, o número de ativistas ambientais mortos ou desaparecidos atingiu os 2.253.