Declaração de Cimeira da Amazónia frustra ambientalistas. Presidente Lula da Silva apela aos países mais desenvolvidos por apoio financeiro a projetos de conservação do meio ambiente.
Corpo do artigo
Por falta de consenso, metas como acabar com a desflorestação na região amazónica e um veto à exploração de petróleo na zona, não foram incluídas na Declaração de Belém, documento assinado pelos oito países membros da Organização do Tratado da Cooperação Amazónica (OTCA). O texto conjunto, resultante da Cimeira da Amazónia, recebeu elogios por propor temas fundamentais para a preservação ambiental, mas foi criticado pela falta de ações e medidas concretas contra a degradação da floresta.
Entre os 113 pontos do documento estão o lançamento da Aliança Amazónica de Combate ao Desmatamento, a criação de mecanismos financeiros para promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação para combater crimes ambientais.
Entretanto, compromissos que causaram polémica no debate, como a exploração de petróleo na Amazónia e o desmatamento zero até 2030, foram abordados de maneira superficial no texto. Organizações ambientais como o Observatório do Clima, a Conservação Internacional, o WWF-Brasil e a Coalizão Brasil (CB), criticaram o documento por se tratar de “um misto de boas notícias e um pouco de frustração”, segundo Marcelo Furtado, fundador da CB.
A ministra brasileira do Meio Ambiente e da Mudança Climática, Marina Silva, declarou ontem à agência brasileira “EBC” que “ninguém pode impor a sua vontade a ninguém”, e assegurou que o Brasil manterá o objetivo de acabar com a desflorestação no seu território até 2030. A Colômbia, posicionada contra a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, garantiu que manterá a agenda, mesmo que o compromisso não conste na Declaração, segundo a ministra colombiana do Meio Ambiente, Susana Muhamad, citada pelo jornal “O Globo”.
“Neocolonialismo verde"
No discurso de encerramento da cimeira, Lula da Silva criticou o “neocolonialismo verde” com a desculpa de “proteger o meio ambiente” em países em desenvolvimento, e exortou, mais uma vez, as nações mais desenvolvidas a financiarem projetos de conservação do meio ambiente nos países detentores de florestas tropicais. O chefe de Estado brasileiro considerou que “não se pode falar de florestas tropicais e mudanças climáticas sem abordar a responsabilidade histórica dos países desenvolvidos”.
O líder do Palácio do Planalto reforçou a necessidade de união entre os países da OTCA e celebrou o “primeiro passo para uma posição comum já na COP28 [Conferência do Clima da ONU, que se realiza este ano], com vistas à COP30”, que também acontecerá em Belém do Pará, no Brasil, em 2025.