
Soldados ensaiam no Palácio do Planalto para a cerimónia de 1 de janeiro. Capital federal receberá pelo menos 150 mil pessoas
EPA/Andre Borges
Tentativa de atentado terrorista por bolsonaristas faz com que polícia reforce escoltas para o dia da posse. Presidente eleito continua a negociar últimos 16 nomes para ministérios
As autoridades brasileiras preparam-se para a cerimónia de posse de Lula da Silva, que ocorre em Brasília a 1 de janeiro. Temores de atentados terroristas e de confusão causada pelos apoiantes do presidente Jair Bolsonaro fizeram o Governo brasileiro e a equipa de transição anunciarem medidas de segurança. Entretanto, Lula continua a negociar os últimos 16 nomes para tutelas do Executivo.
O Ministério da Justiça e da Segurança Pública do Governo de Jair Bolsonaro publicou esta quarta-feira um decreto em que autoriza o uso da Força Nacional de Segurança Pública na operação que cuidará da posse de Lula. Em apoio à Polícia Rodoviária Federal, as equipas vão atuar até 2 de janeiro, realizando escoltas episódicas e planeadas.
Em entrevista à CNN Brasil, o próximo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que as autoridades podem acionar até 8 mil polícias. O futuro governante solicitou ainda o encerramento da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a partir de sexta-feira, para a realização de inspeções na área da cerimónia. Esta semana, Dino já tinha declarado que "não há pacto político possível e nem haverá anistia [amnistia] para terroristas, seus apoiadores e financiadores".
O temor pela segurança aumentou no sábado, após a detenção em flagrante do bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, acusado de terrorismo. Este confessou ter instalado um artefato explosivo num camião de combustível, perto do aeroporto de Brasília. O plano, elaborado por integrantes dos protestos junto ao quartel-general do Exército na capital federal, era de "dar início ao caos", com a intenção de que o estado de sítio fosse declarado no país.
A Polícia Federal aconselhou Lula a utilizar um carro blindado fechado na posse em vez de um tradicional veículo aberto, mas o presidente eleito resistiu à ideia. Segundo o portal UOL, o "petista" quer manter a proximidade com os apoiantes. O aeroporto de Brasília estima receber 150 mil passageiros entre 30 de dezembro e 2 de janeiro, além de voos de representantes de outros países. Os hotéis da cidade estão com uma média de ocupação de 80%.
Tebet aceita tutela
A formação do futuro Governo não terminou, faltando ainda o anúncio oficial de 16 tutelas. Lula aguarda até ao último momento devido a dúvidas sobre o apoio que receberá dos partidos no Congresso Nacional, de acordo com o jornal "O Globo". A previsão é que o futuro presidente divulgue os últimos nomes esta quinta-feira, mas a imprensa brasileira já adiantou algumas escolhas.
Um dos nomes mais esperados era o da ex-candidata presidencial Simone Tebet, que deve ficar com o Ministério do Planejamento. A pasta é responsável por elaborar os orçamentos do Governo federal, mas não a gestão. Tebet queria, inicialmente, o Desenvolvimento Social, encarregue dos programas de transferência de rendimento. A tutela acabou nas mãos do Partido dos Trabalhadores, de Lula.
O Ministério do Meio Ambiente deve ficar com Marina Silva, do partido Rede Sustentabilidade. A deputada eleita já comandou a pasta entre 2003 e 2008 e terá de resolver o aumento da desflorestação da Amazónia. A também deputada eleita e indígena Sônia Guajajara deve comandar o inédito Ministério dos Povos Originários. A tutela será responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que promove e coordena políticas públicas para os povos indígenas.
