O norueguês Anders Behring Breivik, autor dos ataques em julho passado, pediu desculpa por ter morto "inocentes" num ataque à bomba, em Oslo, mas não pelo massacre da ilha de Utoya.
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"Gostaria de pedir as minhas mais sinceras desculpas", disse Breivik, no tribunal, acrescentando que não tinha a intenção de matar "civis", referindo-se, sobretudo, ao dono de um bar que estava entre os oito mortos vítimas da explosão de uma bomba no edifício do governo norueguês.
Esta segunda-feira, na sessão do julgamento, a procuradora Enga Bejer Engh perguntou se Breivik poderia também pedir desculpa a alguma das 69 pessoas, na maioria adolescentes, que matou no massacre na ilha de Utoya, pouco depois das bombas de Oslo.
"Não, não posso. Utoya é um campo de catequização política", disse o extremista, que reiterou que os adolescentes, que participavam num campo de férias do Partido Trabalhista, no poder na Noruega, eram "alvos legítimos", por serem "ativistas políticos" que trabalhavam para a "desconstrução da sociedade norueguesa".
"Esta foi uma pequena barbaridade para evitar uma barbaridade maior", reiterou Breivik, que disse saber - e compreender - que destruiu as vidas de muitas pessoas. "Decidi não absorver isto para poder sobreviver", acrescentou.
Breivik comparou a dor das vítimas do massacre de 22 de julho de 2011 com a sua própria situação, referindo que perdeu o contacto com os amigos e a família depois do ataque. "A única diferença é que, para mim, isso foi escolha minha", disse.
No seu sexto dia de julgamento, Breivik continuou a responder a questões sobre o assassínio a tiro das 69 pessoas que participavam no acampamento de Utoya e pelo ataque à bomba junto à sede do governo no centro de Oslo.
O extremista de direita foi acusado de "atos de terror" e enfrenta ou 21 anos de prisão - que podem ser depois prolongados indefinidamente se ele ainda for considerado uma ameaça à sociedade - ou encerramento para tratamento psiquiátrico, possivelmente para toda a vida.
Uma primeira peritagem ordenada pelo tribunal considerou-o louco, mas uma segunda opinião chegou à conclusão contrária.
Os cinco juízes terão de avaliar as duas opiniões psiquiátricas contraditórias e determinar se o extremista é inimputável ou se, pelo contrário, pode ser responsabilizado quando, em julho, lhe for lida a sentença.