Bruxelas acolhe esta quinta-feira três cimeiras de alto nível, com os líderes da NATO, do G7 e da União Europeia a procurarem transmitir um sinal de forte unidade face à guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, há precisamente um mês.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de visita à Europa, participará nas três cimeiras, tornando-se o primeiro chefe de Estado norte-americano a marcar presença fisicamente num Conselho Europeu, naquela que é simultaneamente a quarta cimeira de líderes da União Europeia (UE) nas últimas cinco semanas, e na qual deverá também intervir, por videoconferência, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Portugal estará representado na cimeira da NATO e no Conselho Europeu - este último de dois dias, entre quinta e sexta-feira - pelo primeiro-ministro, António Costa.
O dia começa com a reunião extraordinária de líderes da Aliança Atlântica, no quartel-general da NATO, em Bruxelas, às 10 locais (9 em Portugal continental), durante a qual os aliados deverão aprovar o aumento de forças no leste da Europa, designadamente através do "empenhamento de quatro novos grupos de combate" para a Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia, anunciou na quarta-feira o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
Naquela que é a primeira reunião presencial dos chefes de Estado e de Governo da NATO desde o início da guerra na Ucrânia, os líderes deverão também concordar em fornecer apoio adicional aos ucranianos, designadamente "assistência cibernética de segurança" e "equipamento para ajudar a Ucrânia a proteger-se contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares".
Em cima da mesa estarão também temas como a postura a adotar face à China e à Bielorrússia ou a necessidade de os diferentes aliados reforçarem o investimento em Defesa face ao que Stoltenberg apelidou de "nova realidade" no continente.
A NATO convidou Zelensky a discursar, através de videoconferência, na cimeira da Aliança.
A seguir, e ainda no quartel-general da NATO, terá lugar uma reunião do grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7), durante a qual deverão ser discutidas sanções adicionais e outras medidas contra a Rússia - e também a sua "cúmplice" Bielorrússia, - assim como eventuais medidas para estabilizar o mercado energético e fazer face à escala de preços.
A partir das 16.30 celebrar-se-á então um Conselho Europeu marcado pela histórica presença do Presidente norte-americano, mas os 27, que se têm vangloriado de uma unidade e solidariedade exemplares no quadro do conflito em curso, têm pela frente uma agenda preenchida e que promete acesas discussões.
Questões como um eventual endurecimento das sanções à Rússia, designadamente a nível de um embargo à importação de gás e petróleo, o pedido de adesão da Ucrânia à UE e, sobretudo, medidas a tomar para fazer face à escalada dos preços da energia ameaçam impedir o consenso, face às diferentes sensibilidades dos Estados-membros, numa cimeira que se pretende particularmente simbólica em termos de unidade e mensagem para o exterior, no contexto da guerra na Ucrânia.
Joe Biden reunir-se-á com os 27 entre as 16.30 e 18 horas locais (menos uma hora em Portugal continental), antes do início formal dos trabalhos, e o tema central da discussão será naturalmente o conflito na Ucrânia, mas também deverá ser abordada em conjunto a diversificação das fontes de energia para pôr fim à dependência do petróleo, gás e carvão da Rússia.
Relativamente ao eventual reforço das sanções à Rússia, os 27 têm agora posições um pouco divergentes, já que enquanto uns advogam a aplicação de mais sanções desde já, outros defendem que é tempo de analisar o impacto dos vários pacotes já adotados e tentar identificar lacunas na sua implementação, antes de avançar com novas medidas.
No entanto, fontes europeias não excluem nenhum cenário, até porque os Estados Unidos gostariam de passar uma mensagem forte por ocasião da presença de Biden em Bruxelas.
Ainda mais delicada deverá ser a discussão, no segundo dia de cimeira, na sexta-feira, sobre o setor da energia, devido às diferentes prioridades de cada Estado-membro, sobretudo quanto às medidas a tomar a curto prazo para enfrentar a escalada dos preços da energia.