Cabelo do beato Carlo Acutis, primeiro santo "millennial", foi a leilão por mais de dois mil euros
O ítalo-britânico Carlo Acutis, que morreu aos 15 anos, vítima de leucemia, é canonizado no final do mês, no Vaticano, que lhe reconheceu alguns milagres. A Igreja Católica denunciou que um suposto pedaço de cabelo do jovem foi a leilão, excedendo os dois mil euros.
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A canonização do beato Carlo Acutis, agendada para dia 27 de abril, está a ser marcada por uma prática condenada veementemente pela Igreja Católica: a venda de relíquias de santos e beatos. "Não é apenas desprezível, é também um pecado", reagiu o padre Enzo Fortunato, que lidera o Comité Pontifício para a Jornada Mundial da Criança, citado pela agência noticiosa Associated Press, acrescentando que "todo o tipo de comércio com a fé é um pecado".
A reação surge na sequência de um leilão online, organizado por uma pessoa ainda não identificada, de uma alegada relíquia de Carlo Acoutis, uma parte do cabelo do beato, que deverá ser declarado santo no final do mês.
Segundo a diocese de Assis, que avançou com a denúncia, a alegada relíquia estava a ser vendida por mais de dois mil euros antes de o leilão ter sido retirado, depois de o arcebispo Domenico Sorrentino ter alertado as autoridades pedindo o confisco do cabelo e apontando que, caso seja fraudulenta, a venda é uma "grande ofensa para a crença religiosa". "Depois de verificar o leilão na internet, decidimos fazer uma queixa", confirmou o arcebispo Sorrentino, citado pela CNN.
Dois milagres
A dias de se tornar no primeiro santo "millennial" (geração nascida entre o início da década de 1980 até à primeira metade da década de 1990), o beato italiano Carlo Acutis, nascido em 1991, em Londres, morreu de leucemia em 2006, então com 15 anos, e é considerado um modelo de vida cristã moderna para os jovens. Conhecido pela alcunha de "influenciador de Deus", o jovem dedicou a vida curta a espalhar a fé católica no universo digital.
Os dois supostos milagres reconhecidos pela Igreja dizem respeito à história de uma jovem de 23 anos, Valeria Valverde, de Florença, que teve um acidente de bicicleta grave, em 2022, que a atirou para uma cama de hospital com um grave traumatismo craniano, com os médicos a informarem que, em caso de sobrevivência, haveria o sério risco de ficarem sequelas para toda a vida. A mãe da jovem, natural da Costa Rica, foi a Assis deixar uma carta no túmulo de Carlo Acutis e, quando regressou a Florença, dias depois, a filha respirava de forma autónoma e tinha recuperado.
Dois anos antes, em 2020, uma relíquia de Acutis, que já era alvo de devoção, um pedaço de um pijama com o qual dormira antes de morrer, estava exposta no Brasil, quando um menino de seis anos, nascido com uma malformação no pâncreas, tocou nele e, alegadamente, curou-se.
Os dois episódios levaram o Vaticano a avançar para o processo de beatificação, concretizado em 2020, e o de canonização, que terá lugar a 27 de abril, durante o Jubileu das Crianças e Adolescentes. A canonização, recorde-se, é a confirmação final da Santa Sé para que um beato seja declarado santo.