O Comité de Ética Publicitária da Bélgica pediu à Calvin Klein para banir uma campanha, por considerar que "banaliza" um assunto "grave e preocupante": a partilha de selfies eróticas.
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No anúncio publicitário, uma jovem modelo, Anna Ewers, surge em cima de uma cama, vestida com calças e sutiã, junto ao slogan "I take what I want in my #Calvins" (Eu levo o que quero nas minhas #Calvins).
De acordo com a estação de televisão belga RTBF, o Comité de Ética Publicitária, um organismo independente, pediu à marca Calvin Klein, em parecer emitido esta terça-feira, para "deixar de difundir a publicidade", removendo os outdoors das paragens de autocarro e das plataformas públicas, por considerar que banaliza um assunto "grave".
O órgão regulador recebeu 13 queixas desde o início da campanha (que no Instagram da empresa pôde ser vista a partir do verão), com denúncias por "representação da mulher como um objeto sexual", "atentado ao pudor", "banalização da cultura pornográfica" e "criação de confusão entre os jovens no que diz respeito à vulgarização de selfies eróticas".
https://www.instagram.com/p/BIBLlhbBxHV/?taken-by=calvinklein
Mediante as reclamações, o Comité de Ética Publicitária considerou que o anúncio não retrata "simplesmente uma mulher em roupa interior", mas sim "uma mulher muito jovem que tira uma fotografia a si própria numa posição que acentua o seu peito", ofuscando aquele que deveria ser o objetivo principal da empresa: a venda de um produto, neste caso, a roupa interior.
No mesmo comunicado, que não está disponível online, o comité explicou que a frase anexada à fotografia utiliza uma linguagem própria das redes sociais (com a utilização da hashtag), o que, no seu entender, propicia a difusão da imagem "de forma descontrolada".
E considerou ainda que a campanha "não reflete o verdadeiro sentido de responsabilidade social" exigido pela Câmara de Comércio Internacional.
O Comité de Ética Publicitária foi criado em 1974 e nele integram profissionais do setor e da sociedade civil. O órgão emite recomendações de modificação ou de retirada do mercado, dirigindo-se em primeira instância ao anunciante. Em caso de falta de resposta ou caso a mesma não seja positiva, dirige-se aos meios que as publicitam, solicitando-lhes que deixem de o fazer.
Ainda que essa entidade não tenha autoridade e não valha só por si, o facto de ser uma voz ativa que surge no seio da própria indústria, faz com que seja sempre escutada.