Denúncia partiu do Ministério da Defesa de Kiev, que acusa Moscovo de "flagrante genocídio".
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Uma sala escura, lúgubre, onde duas tábuas terão assumido a função de beliche. Uma oração cravada na parede com um crucifixo no topo. Súplica derradeira de quem embateu, porventura, na impossibilidade de sobrevivência. Assim se afigura o que terá sido uma câmara de tortura usada pelas forças de Moscovo em Balakliia, agora reconquistada por Kiev, na região de Kharkiv. O Ministério da Defesa ucraniano, que ontem difundiu a imagem no Twitter, defende que "a Rússia deve ser responsabilizada por este flagrante genocídio".
russian torture chamber in liberated Balakliya.
- Defense of Ukraine (@DefenceU) September 14, 2022
The Lord's Prayer was carved on the wall by Ukrainian prisoners.
russia must be held accountable for this blatant genocide. pic.twitter.com/ObQJGjfEQw
Numa altura em que são já mais de oito mil, os quilómetros quadrados recapturados por Kiev, as autoridades têm insistido nos horrores que as tropas de Moscovo terão deixado para trás. Basta recordar as valas comuns encontradas na região de Kiev, nomeadamente em Bucha, onde corpos jaziam com membros atados e sinais evidentes de tortura.
O mesmo parece estar a acontecer na região de Kharkiv, com o chefe do Departamento de Investigação da Polícia da mesma região a referir, citado pelo jornal "The Guardian", que 40 pessoas foram detidas durante o período de ocupação russa. Um desses residentes contou, em declarações à BBC, ter sido detido pelos russos durante mais de 40 dias na esquadra local, onde diz ter sido torturado por eletrocussão.
Zelensky em Izium
O presidente ucraniano visitou ontem a cidade de Izium que, tal como Balakliia, foi resgatada por Kiev depois de longo período sob domínio de Moscovo, e que serviu de base para as tropas russas na região de Kharkiv, no Leste do país. Volodymyr Zelensky, acompanhado da vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, participou numa cerimónia que incluiu o hastear da bandeira ucraniana e saudou os soldados que participaram na operação que permitiu a libertação de Izium.
Acordo de paz distante
O secretário-geral da ONU admitiu ontem que a possibilidade de se alcançar um acordo de paz é ainda cenário distante. "Ainda estamos longe de um acordo de paz. Estaria a mentir se dissesse que isso vai acontecer rapidamente", disse António Guterres, na sede da ONU, após conversa telefónica com o presidente Vladimir Putin. As probabilidades de um cessar-fogo "são mínimas", assinalou ainda o secretário-geral.