O Canadá vai pagar a centenas de comunidades indígenas mais de dois mil milhões de dólares em compensação por quase um século de abusos sofridos por crianças em escolas residenciais.
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Uma ação judicial apresentada por 324 comunidades indígenas resultou num acordo de 2,1 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros), que será pago pelo governo canadiano e colocado num fundo sem fins lucrativos para "revitalizar a educação, cultura e língua indígenas - para apoiar o tratamento dos sobreviventes e relação com o seu património", de acordo com um comunicado do executivo liderado por Justin Trudeau.
"O Canadá demorou demasiado tempo a reconhecer a sua história, o genocídio que cometeu e os danos coletivos causados às nossas comunidades pelas escolas residenciais", disse Garry Feschuk, líder indígena que é um dos queixosos do processo.
"É tempo de o Canadá não só reconhecer este dano, mas também ajudar a desfazê-lo, caminhando connosco. Este acordo é um bom primeiro passo", acrescentou.
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Dos finais do século XIX a 1990, o governo do Canadá enviou cerca de 150 mil crianças indígenas para 139 escolas residenciais, na sua maioria dirigidas pela igreja católica, onde foram isoladas das suas famílias, língua e cultura.
Muitas foram física e sexualmente abusadas e acredita-se que milhares tenham morrido de doença, desnutrição ou negligência.
Nos últimos três anos, foram descobertas mais de 1300 sepulturas anónimas nos locais de antigas escolas residenciais católicas para indígenas, lançando luz sobre um capítulo escuro da História do Canadá e da sua política de assimilação forçada, considerada como um "genocídio cultural" desde 2015.
