Cartas de presos e documentos das vítimas: cancelado leilão de objetos nazis na Alemanha

Casa de leilões ia vender cartas de presos à família
Foto: Pexels
Uma casa de leilões alemã anunciou, esta segunda-feira, que anulou a venda de cartas, envelopes, postais e certificados do período nazi, depois de críticas de uma organização de sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz.
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"Após as críticas que recebemos, cancelamos o leilão", que deveria ocorrer neste dia, declarou num comunicado a Ulrich Felzmann, com sede em Neuss, perto de Düsseldorf. "Estamos conscientes de ter tomado uma má decisão e lamentamos ter afetado os sentimentos de parentes das vítimas do terror nazi", acrescentou o comunicado da casa de leilões, que afirma ter "adquirido" os artigos "de maneira correta no mercado".
Essa decisão ocorre dois dias depois de um pedido do Comité Internacional de Auschwitz para cancelar o leilão no qual, segundo o vice-presidente Christoph Heubner, "a história e o sofrimento de todas as pessoas perseguidas e assassinadas pelos nazis são utilizadas com fins comerciais".
Segundo o comité, o leilão, denominado "Sistema do Terror 1935-1945", tinha como objetivo vender cartas escritas por presos dos campos de concentração alemães aos seus familiares, fichas da Gestapo e documentos "muito pessoais" que contam a história da perseguição e "a humilhação" das vítimas do regime nazi. Muitos dos documentos tinham os nomes de algumas pessoas.
Para Heubner, os documentos "devem ser expostos em museus ou em exposições em locais de memória, e não serem reduzidos a mercadoria".
Em 2016, o Conselho Central dos Judeus na Alemanha expressou a sua indignação em relação a um controverso leilão, que permitiu que um argentino adquirisse pertences dos nazis. Em 2019, a Associação Judaica Europeia indignou-se com o leilão de objetos pessoais de Hitler, ao considerar que seriam adquiridos por admiradores do Terceiro Reich.
