
Foto: BAshar Taleb/AFP
Entre as ruínas de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, dezenas de jovens casais avançam sobre um tapete vermelho vestidos com trajes palestinos bordados para as mulheres e fatos com gravata para os homens.
Numa cena surreal e alegre numa cidade devastada por dois anos de guerra, 54 casais uniram-se, na terça-feira, durante uma cerimónia de casamento coletivo, um raro "momento de felicidade", descreveu Karam Moussaaed, um dos recém-casados.
Para a cerimónia, foi montado um palco numa praça entre edifícios destruídos e montes de escombros, onde centenas de espectadores se sentaram. As noivas, com os seus vestidos brancos adornados com fitas vermelhas, seguravam contra o peito buquês de flores com as cores da Palestina - vermelho, branco e verde -, enquanto os seus maridos agitavam pequenas bandeiras.
"Precisávamos de algo que nos fizesse sentir que os nossos corações ainda estão vivos", disse Moussaaed, enquanto tambores, música festiva ressoavam e os casais se dirigiam ao altar nupcial. "É um sentimento muito bonito, uma alegria que realmente precisamos depois de todo o sofrimento que enfrentamos, a fome, a perda dos nossos entes queridos e amigos".

Hikmat Oussama, outro noivo, partilhou a opinião. "É uma sensação indescritível poder começar a reconstruir uma vida depois de toda esta guerra, toda esta destruição. Se Deus quiser, virão dias melhores", declarou.
A cerimónia de casamento coletivo, batizada de "Vestido de Alegria", foi organizada pela fundação humanitária dos Emirados Árabes Al-Faris Al-Shahim. "Escolhemos este lugar" para dizer que "mais uma vez, a população de Gaza ressurgirá das ruínas", explicou à AFP Charif al Neyrab, responsável pela fundação. "E se Deus quiser, restauraremos o futuro e reconstruiremos" o território palestiniano.
Desde a entrada em vigor da trégua entre Israel e o movimento islamista palestiniano, conseguida sob forte pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os habitantes de Gaza começaram timidamente a reconstruir a suas vidas, num território em grande parte devastado e ainda mergulhado numa grave crise humanitária. O cessar-fogo tem sido mantido em geral até agora, apesar de vários ataques do Exército israelita, que afirma ter como alvo combatentes do Hamas. Segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, 360 pessoas morreram desde o início da trégua a 10 de outubro.
