
Militantes da Jihad Islâmica e do Hamas transportam um saco branco para cadáveres, que se acredita conter os restos mortais de um refém israelita, na cidade de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza.
Foto: AFP
Israel recebeu esta quarta-feira os restos mortais de um refém que se encontrava ainda na Faixa de Gaza, através da Cruz Vermelha, anunciou, em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
"Israel recebeu, por intermédio da Cruz Vermelha, o caixão de um refém morto, entregue às forças do exército e do Shin Bet [segurança interna] dentro da Faixa de Gaza", indica o comunicado. O Exército israelita precisou posteriormente que o caixão, entregue pela Cruz Vermelha aos soldados na Faixa de Gaza, tinha sido transferido para Israel e estava a caminho do Instituto Nacional de Medicina Legal, em Telavive, para uma autópsia que permitiria identificar os restos mortais.
O braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, havia anunciado anteriormente que devolveria, juntamente com a Jihad Islâmica, o corpo de um refém às 17 horas (15 horas em Portugal continental). Os braços armados das duas organizações estavam a realizar buscas em Beit Lahia, no Norte do território palestiniano, e "encontraram restos mortais que podem pertencer ao corpo de um prisioneiro israelita", explicou uma fonte do Hamas.
Israel tinha também anunciado hoje que os restos mortais que lhe foram entregues na terça-feira não eram de nenhum dos dois reféns ainda retidos em Gaza. "Após o processo de identificação realizado no Instituto Nacional de Medicina Legal, foi determinado que os elementos trazidos ontem [terça-feira] da Faixa de Gaza para exame não estão relacionados com nenhum dos reféns", indica uma nota do gabinete do primeiro-ministro hebraico.
Desde 10 de outubro, está em vigor um cessar-fogo, após mais de dois anos de guerra na Faixa de Gaza, desencadeada na sequência do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Nos termos do acordo de trégua, o movimento palestiniano libertou os últimos 20 reféns sequestrados naquele dia e ainda vivos. O Hamas e aliados também devolveram 26 dos 28 corpos de reféns que se comprometeram a devolver a Israel no âmbito do cessar-fogo. Os dois corpos restantes são de um israelita e de um tailandês.
Ainda hoje uma fonte da segurança egípcia próxima das conversações de paz, em declarações feitas no Cairo à agência noticiosa espanhola EFE, indicou que Israel se recusa a cumprir a segunda fase da trégua enquanto o Hamas não se desarmar. As declarações surgem num momento de máxima tensão nas negociações para pôr fim à guerra.
A fonte, que pediu anonimato devido à sensibilidade do dossiê, afirmou que o Egito está a acelerar os esforços diplomáticos para alcançar "uma fórmula de consenso" que permita avançar para a segunda fase, que prevê precisamente a desmilitarização do enclave e o desarmamento do Hamas. Contudo, reconheceu "importantes obstáculos" no processo, resultantes da intransigência israelita e da recusa de Telavive em começar a implementar a segunda fase do acordo antes de o Hamas se desarmar e de ficar resolvida a situação dos combatentes palestinianos cercados no Norte e no centro da Faixa de Gaza.
As tropas israelitas continuam a controlar mais de 50% do território do enclave, embora o acordo de cessar-fogo assinado por Israel e pelo Hamas em outubro preveja a sua retirada total na segunda fase. Desde que Israel iniciou a ofensiva em Gaza, pelo menos 70.112 palestinianos foram mortos em ataques e mais de 170.986 ficaram feridos, muitos com amputações e lesões permanentes, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestiniano.
