Cerca de duas centenas de militantes feministas e ativistas de Direitos Humanos exigiram, este sábado, a suspensão imediata da lei que obrigou Amina, uma adolescente de 16 anos que se suicidou há uma semana, a casar-se com o seu violador.
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O protesto concentrou cerca de 200 pessoas, entre elas conhecidos artistas marroquinos, que se reuniram ao meio-dia em frente ao Parlamento da capital marroquina para denunciar a tragédia da adolescente e exigir a anulação do artigo 475 do Código Penal que iliba o agressor de cumprir pena se este se casar com a vítima.
Os manifestantes pediram igualmente a revisão do artigo 20 do Código de Família que permite a um juiz autorizar o matrimónio de uma menor de 18 anos com base numa decisão fundamentada.
A presidente da Liga Democrática dos Direitos da Mulher, Fuzia Asuli, pediu a aprovação de uma lei que proteja as mulheres que sofrem agressões sexuais e maus tratos com o objetivo de mudar as mentalidades, apontando que "a [atual] normativa influencia o comportamento".
Por seu lado, a presidente da Associação Marroquina dos Direitos Humanos, Jadiya Riadi, criticou o sistema judicial, que na sua opinião "consolida a impunidade" e é "indulgente" com os casos de violência sexual e violência de género.
Jadiya Riadi mostrou igualmente a sua indignação pela postura adotada pelo Ministério da Justiça marroquino, que sustentou na terça-feira que a menor mantinha uma relação sexual e não foi violada.
O Ministério da Justiça disse em comunicado que Amina deu o seu consentimento tanto para as relações sexuais como para o casamento.