A central nuclear de Zaporijia, atualmente ocupada pelos russos, está novamente ligada à principal linha de transmissão de energia, um dia depois da ligação ter sido interrompida e da ameaça de um potencial apagão, anunciou o Governo ucraniano esta sexta-feira.
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O motivo da interrupção, ocorrida na quarta-feira à noite, foi a quebra de um cabo devido a um ataque das tropas russas, a vários quilómetros da central nuclear ucraniana, disse o Ministério da Energia da Ucrânia numa mensagem publicada na plataforma Telegram.
Na mesma mensagem, o ministério informou que a linha principal de transmissão de energia, com uma potência de 750 kV, está novamente operacional.
Na quinta-feira, a Energoatom, empresa estatal que gere as centrais nucleares ucranianas, anunciou que a central era forçada a recorrer à linha de reserva de 330 quilowatts (kw) na ausência de fornecimento de energia através da linha principal, admitindo o risco de um apagão caso a segunda linha falhasse.
Na mesma ocasião, a empresa reiterou que a ocupação da central por pessoal que nem sequer tem formação adequada em matéria de segurança nuclear é uma ameaça constante que pode conduzir a uma catástrofe.
"É necessária uma ação urgente por parte da comunidade internacional. O terrorismo nuclear da Federação Russa tem de parar imediatamente e os invasores têm de abandonar o território da central e da sua cidade satélite de Energodar", afirmou o comunicado da empresa.
Reator colocado em "encerramento a frio"
Também na quinta-feira, em Viena, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) referiu que um dos reatores da central nuclear de Zaporijia foi colocado em "encerramento a frio", após a deteção de uma fuga de água num dos geradores.
"A central nuclear ucraniana de Zaporijia colocará a unidade 4 em encerramento a frio para determinar a causa precisa da fuga de água detetada e realizar a manutenção para reparar o gerador de vapor afetado", frisou a AIEA, num comunicado, acrescentando que, apesar do incidente, não foi detetada qualquer emissão de radioatividade.
Ainda na quinta-feira, a AIEA, que conta com uma equipa de inspetores na central nuclear, divulgou que o reator 6 entrará em "desligamento a quente" nos próximos dias, para produzir vapor, que é utilizado para diferentes operações de segurança, como o processamento de lixo nuclear líquido.
A agência da ONU defendeu também que o caminho mais seguro para a central nuclear passaria por instalar equipamentos externos de geração de vapor.
As inspeções realizadas na semana passada nas instalações da central não detetaram a presença de minas ou explosivos em novos locais, mas confirmou a existência destes artefactos em locais já detetados em 23 de julho, acrescentou ainda a agência da ONU.
No início de julho, a Ucrânia acusou Moscovo de preparar uma provocação, com o exército de Kiev a garantir que nos telhados dos reatores 3 e 4 de Zaporijia, a maior central nuclear da Europa, "estavam colocados objetos semelhantes a engenhos explosivos".
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a AIEA exige que seja criada uma zona de segurança ao redor da central.
Depois de ter caído nas mãos do exército russo a 4 de março de 2022, a central foi alvo de um incêndio e teve a rede elétrica cortada por diversas vezes, uma situação precária que faz recear um acidente nuclear.
O exército ucraniano promove deste o início de junho operações ofensivas no leste e sul para tentar retomar os territórios ocupados pelas milícias separatistas russófonas e as forças russas, incluindo na região de Zaporijia.