Partido do atual primeiro-ministro grego conquistou quase 41% dos votos. O Syriza, do antecessor Alexis Tsipras, não foi além dos 20%
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O partido conservador do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, Nova Democracia (ND), conquistou a vitória nas eleições legislativas de hoje com quase 41% dos votos e uma margem confortável em relação ao segundo mais votado, o Syriza, do seu antecessor Alexis Tsipras, que não foi além dos 20.06%. Ao ND escapou, contudo, a maioria absoluta, conquistando apenas 146 dos 300 assentos do Parlamento grego, num decréscimo face aos 158 lugares obtidos em 2019 e abaixo dos 150 necessários para a maioria. Certo é que o centro-direita vai optar por uma nova eleição, a realizar-se entre junho e julho, ao invés de apostar numa coligação que permita a formação de Governo. Mitsotakis, que quer governar sozinho, classificou a vitória como "sismo político".
"O povo quis a escolha de uma Grécia governada por um Governo maioritário e pela Nova Democracia, sem a ajuda de outros", disse o primeiro-ministro grego, no discurso de vitória, numa altura em que estavam apurados mais de 80% dos votos. Mitsotakis entende que os gregos deram ao seu partido um mandato para um Executivo de quatro anos, e mantém, assim, a intenção de governar a solo, sem o apoio de outros partidos, defendendo ser necessário um segundo escrutínio para alcançar a maioria absoluta.
O Nova Democracia, que comandou os destinos da Grécia nos últimos quatro anos, beneficiou na campanha eleitoral do crescimento da economia verificado no ano passado no país, próximo dos 6%. Mitsotakis usou, segundo a BBC, como arma política o argumento de que só ele seria confiável para impulsionar a economia grega e consolidar o crescimento recente.
A primeira projeção à boca das urnas foi o indicador claro de vitória do centro-direita, a arrancar aplausos na sede de campanha do ND, em Atenas. Com o desenrolar da noite, os resultados foram revelando a falha das sondagens pré-eleitorais, que atribuíam uma curta margem de cinco pontos percentuais entre os dois principais partidos.
Se o Syriza não foi além dos 71 assentos, aquém dos 86 conquistados em 2019, os socialistas do Pasok foram o outro grande vencedor da noite, sendo o terceiro partido mais votado, com 11.51% dos votos e a conquista de 41 lugares no hemiciclo, num acréscimo substancial em relação aos 22 lugares alcançados no escrutínio de 2019. Já o Partido Comunista da Grécia (KKE, na sigla em grego), agregou 7.2% dos votos e cresceu para os 26 assentos no Parlamento, numa subida considerável face aos 15 lugares de 2019.
Bónus só na próxima eleição
Há quatro anos, os 41% de votos seriam suficientes para garantir a maioria no Parlamento. Atualmente, com o sistema proporcional simples aprovado pelo Syriza em 2016, são exigidos mais de 45%, uma vez que o partido vencedor já não tem direito ao bónus de 50 assentos na primeira volta.
O ND aprovou, contudo, em 2020, um sistema de representação semi-proporcional, em que o partido vencedor recebe um bónus de 20 assentos se conquistar pelo menos 25% dos votos, e poderá obter até 50 assentos se obtiver 40% dos votos. Uma regra aplicável a partir do próximo escrutínio, que poderá acontecer já em junho.