Cerca de 140 pessoas foram detidas por causa de roubos e pilhagens nas áreas afetadas pelas inundações da semana passada na região de Valência, disse hoje o Ministério da Administração Interna de Espanha.
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Uma semana após as inundações, a região de Valência continua mergulhada no caos. Ainda não há uma estimativa final do número de mortos, que subiu para 217, já que milhares continuam desaparecidos. Mais de cem mil carros foram destruídos e continuam empilhados a bloquear ruas. Cerca de 140 pessoas já foram detidas por roubos e pilhagens.
De acordo com o Ministério da Administração Interna de Espanha, os detidos são, na quase totalidade, suspeitos de pilhagens e roubos com violência em estabelecimentos comerciais e casas particulares.
A Rede de Empresas de Assistência na Estrada (REAC) espanhola enviou para as zonas afetadas pelas inundações de Valência 70 gruas e cem pessoas, que estão a atuar em coordenação com a Unidade Militar de Emergências (UME), removendo veículos das zonas rastreadas pelas equipas de resgate. A estimativa é de que mais de cem mil veículos tenham ficado danificados ou destruídos, sendo que muitos continuam empilhados.
As associações e empresas que estão no terreno a remover estes carros têm de fazer uma ficha de registo por cada veículo para agilizar os processos de indemnização. Segundo o Ministério da Economia, o Consórcio de Compensação de Seguros já recebeu cerca de 46 mil pedidos de indemnização por causa do temporal do dia 29.
Quase oito mil militares
O número de militares no terreno foi reforçado para 7800. Foi uma das principais decisões do comité de crise nacional, criado pelo Governo de Pedro Sánchez para responder à catástrofe e que ontem foi presidido pelo rei de Espanha. Confrontado por diversas vezes com a demora na mobilização de meios, o tenente-general Javier Marcos, que comanda as forças armadas no terreno, pediu “paciência” às populações.
“Compreendam que estamos a fazer tudo o que podemos”, afirmou, numa conferência de imprensa em Madrid. Javier Marcos repetiu diversas vezes que “a direção da emergência é da região autónoma” e defendeu que os militares não podem entrar em zonas de emergência sem ordem desse comando político, mesmo tendo meios a postos, como garantiu que acontecia logo desde a tarde de terça-feira, ainda antes das inundações.
A prioridade neste momento, frisou o general, continua a ser a procura e resgate de pessoas desaparecidas, o apoio logístico às populações, o desimpedimento de estradas e a retirada de água de zonas ainda alagadas.
Aberta investigação a insultos ao rei
Depois dos insultos e da lama atirada por populares à comitiva do rei de Espanha, o Tribunal de Justiça da comunidade valenciana abriu ontem uma investigação aos incidentes de domingo. Felipe VI, a rainha Letizia e o primeiro-ministro Pedro Sánchez visitaram Paiporta, uma das localidades mais atingidas. A investigação foi aberta na sequência do auto da Guarda Civil. Vão ser averiguados três delitos: atentado, desordem pública e danos.