A Procuradora de Paris confirmou, esta quinta-feira, que Abdelhamid Abaaoud, o alegado mentor dos atentados em Paris, é dos terroristas que morreram ontem, em Paris, no raide policial em Saint-Denis. O governo francês revelou ainda que Abaaoud esteve envolvido em quatro dos seis atentados evitados, este ano, em França.
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Esta quarta-feira, François Molins tinha confirmado que o raide policial em Saint-Denis tinha como objetivo encontrar Abaaoud. "Tínhamos elementos que faziam pensar que Abdelhamid Abaaoud estava num apartamento conspirativo", esclareceu. A investigação tinha recolhido informações, através de escutas telefónicas e vigilância, que justificaram a rusga.
A morte de Abdelhamid Abaaoud, foi avançada ontem pelo "Washington Post, embora a investigação, não negando a informação, tinha-se recusado a confirmar a identidade dos mortos na operação policial de ontem.
Hoje, chegou a confirmação oficial. O seu corpo foi formalmente identificado esta manhã.
Quando chegaram as primeiras informações de que Abaaoud estaria envolvido no planeamento dos atentados de Paris, supunha-se que o jiadista estava na Síria. Horas depois, a investigação concluiu que era altamente provável que tivesse, afinal, retornado à Europa. Abaaoud tinha abandonado a Bélgica em 2014 para ir combater com o Estado Islâmico.
A operação policial de ontem iniciou-se de madrugada, na sequência de escutas telefónicas e de uma ação de vigilância, feitas depois de uma denuncia à polícia, esta segunda-feira.
A identificação do corpo demorou mais do que o esperado, porque o terceiro piso do edifício alvo do raide policial, colapsou durante o ataque da polícia, segundo Georges Salinas, responsável da unidade policial de elite BRI.
"Abdel Hamid Abaaoud foi agora formalmente identificado, depois de uma comparação de impressões digitais, como o homem que morreu durante o raide [de ontem]", diz o comunicado da procuradoria de Paris". "É dele o corpo que foi descoberto no edifício, crivado de balas", acrescenta.
França sem alertas sobre Abaaoud
"Nenhuma informação de países europeus por onde ele pudesse transitar antes de chegar a França nos foi comunicada", assegurou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve.
Apenas a 16 de novembro, três dias depois dos atentados, um serviço de informações "não europeu" informou as autoridades francesas da passagem de Abaaoud pela Grécia, precisou Cazeneuve. Ainda assim, fonte do ministério garantiu à agência Reuters que a Grécia não tem qualquer prova desta passagem.
"Todos têm de compreender que é urgente a Europa acordar, organizar-se e defender-se da ameaça terrorista", afirmou, depois de sublinhar que "a cooperação é decisiva na luta antiterrorista".
Segundo o ministro, o belga, de 29 anos, "teve um papel determinante" nos atentados de sexta-feira passada em Paris, que fizeram 129 mortos, e esteve envolvido em quatro dos seis atentados terroristas evitados este ano em França.
"Seis ataques foram evitados ou abortados pelos serviços franceses desde a primavera de 2015. Abaaoud estava envolvido em quatro deles", disse Cazeneuve.
Novo vídeo chocante dos atentados
Hoje também, surgiu um vídeo chocante dos atentados, com imagens de videovigilância do restaurante "Casa Nostra", um dos locais atacados na sexta-feira pelos jiadistas e em que morreram cinco pessoas.
Valls alerta para perigo de armas químicas
Esta manhã, Manuel Valls, primeiro-ministro francês, alertou, perante a Assembleia Nacional, para o risco de haver novos ataques com armas químicas e bacteriológicas. O discurso foi feito durante uma sessão do parlamento francês que visava aprovar o prolongamento do estado de emergência, por três meses, na sequência dos atentados terroristas da passada sexta-feira, em Paris.
O presidente François Hollande impôs o estado de emergência pouco depois dos atentados, que causaram 129 mortos e mais de 350 feridos.
"O estado de emergência declarado pelo decreto de 14 de novembro de 2015", no dia seguinte aos ataques, "é prolongado por um período de três meses a partir de 26 de novembro" próximo, ou seja, até 25 de fevereiro à meia-noite, de acordo com o texto adotado pelos deputados.
Detidos na Bélgica
A polícia belga deteve esta quinta-feira nove pessoas em Bruxelas durante operações policiais relacionadas com os atentados de sexta-feira em Paris. Sete pessoas foram "levadas para investigações adicionais" no final de seis operações relacionadas com Bilal Hadfi, um dos três bombistas suicidas franceses que morreram junto ao Estádio de França.
As outras duas detenções também estão relacionadas com os ataques na capital francesa, segundo o texto da procuradoria federal.
A maior parte das operações foram feitas no bairro de Molenbeek, onde residiam o presumível "cérebro" dos ataques de Paris, Abdelhamid Abaaoud, e dois irmãos envolvidos nos atentados, Brahim e Salah Abdeslam.
Outras operações policiais visaram as comunas de Uccle e Laeken.