O ministro dos Negócios Estrangeiros de Pequim iniciou nesta segunda-feira uma visita de quatro dias à Rússia. Wang Yi encontrar-se-á com o homólogo russo, Serguei Lavrov, para discutir questões de segurança, inclusive a guerra na Ucrânia.
Corpo do artigo
A diplomacia chinesa confirmou que Wang terá reuniões sobre segurança a convite de Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança russo. Segundo Pequim, a visita do ministro é um "evento de rotina" que deverá "promover o desenvolvimento das relações bilaterais e conduzir comunicações profundas em importantes assuntos que envolvam os interesses estratégicos de segurança dos dois países".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo afirmou que Wang vai reunir-se com o homólogo russo, Serguei Lavrov. "Haverá uma detalhada troca de pontos de vista sobre um acordo na Ucrânia, assim como maneiras de garantir a estabilidade e segurança na região Ásia-Pacífico", disse um porta-voz do Kremlin, em declarações reproduzidas pela agência France-Presse. Segundo a agência TASS, citando a diplomacia russa, a "disseminação das forças e infraestruturas da NATO na região, o projeto AUKUS [aliança militar entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos] e outros mecanimos do bloco ocidental" serão discutidos.
Outro assunto que deve estar na mesa é o reforço da cooperação na arena internacional, com uma coordenação das posições de Moscovo e Pequim dentro de instituições como as Nações Unidas, os BRICS, a Organização para Cooperação de Xangai, o G20, entre outras plataformas. A TASS indica ainda a possibilidade de discussões relativas às sanções impostas pelo Ocidente e as contribuições que ambos os Estados podem fazer para uma ordem mundial mais justa.
O encontro entre Lavrov e Wang é o segundo desde que o chinês tornou-se ministro dos Negócios Estrangeiros, no final de julho. Os dois encontraram-se na cimeira dos BRICS, em agosto, quando o bloco de economias emergentes anunciou uma expansão com seis novos membros.
A viagem do chefe da diplomacia chinesa acontece cerca de um mês depois de o ministro da Defesa de Pequim, Li Shangfu, ter visitado a Rússia e a Bielorrússia para fechar acordos de cooperação militar. Já Vladimir Putin deve realizar uma visita à China em outubro, adiantou um conselheiro do presidente russo, em julho. O presidente chinês Xi Jinping visitara Moscovo em março, quando declarou que as relações entre ambos os países estavam a entrar numa nova era.
Pequim posiciona-se como uma parte neutra em relação à guerra na Ucrânia, evitando criticar a Rússia. Ambos os países, alvo de sanções e acusações por parte do Ocidente, têm aproximado-se cada vez mais, com apoios diplomático e financeiro do Governo chinês ao Kremlin.