Chefe da diplomacia da União Europeia em Kiev para discutir apoio financeiro e militar
A chefe da diplomacia da União Europeia chegou, esta manhã de segunda-feira, a Kiev para "conversações sobre apoio financeiro e militar" à Ucrânia, nomeadamente sobre um empréstimo de reparações que a Europa prepara com base nos ativos russos congelados.
Corpo do artigo
"Os ucranianos inspiram o mundo com a sua coragem. A sua resiliência exige todo o nosso apoio. Estou hoje em Kiev para conversações sobre apoio financeiro e militar, a segurança do setor energético da Ucrânia e a responsabilização da Rússia pelos seus crimes de guerra", anunciou Kaja Kallas, numa publicação na rede social X.
Ukrainians inspire the world with their courage. Their resilience calls for our full support. I am in Kyiv today for talks on financial and military support, the security of Ukraine"s energy sector, and holding Russia accountable for its war crimes. pic.twitter.com/xQ3juq9aTT
- Kaja Kallas (@kajakallas) October 13, 2025
Após ter iniciado o seu mandato na Ucrânia em dezembro, Kaja Kallas visita agora a Ucrânia no arranque de um inverno que promete ser difícil devido à destruição em larga escala das infraestruturas energéticas causada pelos ataques russos, mas também quando a Comissão Europeia finaliza uma proposta de empréstimo de reparações à Ucrânia assente em bens imobilizados russos na União Europeia (UE).
Com temperaturas rigorosas à vista, o país enfrenta o risco de cortes prolongados de energia, falhas no aquecimento e colapso de serviços essenciais.
Contudo, a Ucrânia continua a reparar rapidamente as infraestruturas e a reforçar a defesa aérea, sobretudo devido ao apoio europeu.
Para continuar a prestar tal apoio, a Comissão Europeia quer apresentar, a curto prazo, a sua proposta de empréstimo de reparações à Ucrânia assente nos ativos russos congelados pelas sanções europeias à Rússia e com um montante calculado com base nas necessidades financeiras ucranianas nos próximos dois anos.
A expectativa do executivo comunitário é contar com aval dos líderes europeus para este mecanismo estar operacional em abril de 2026.
O montante total - de 140 mil milhões de euros - seria mobilizado para a Ucrânia em tranches e mediante condicionantes, apoio com o qual o país poderia financiar a sua indústria de defesa e as suas despesas orçamentais.
Atualmente, existem cerca de 210 mil milhões de euros em bens congelados russos na UE, principalmente na Bélgica, onde está sediada a Euroclear, uma das maiores instituições de títulos financeiros do mundo.
Antes da guerra da Ucrânia, o Banco Central da Rússia (e outras instituições estatais russas) investiam parte das suas reservas internacionais em ativos depositados e geridos através de intermediários como a Euroclear, mas com as sanções da UE tais verbas ficaram imobilizadas, sendo este o maior volume congelado em qualquer instituição financeira do mundo.
A proposta gera, porém, reservas jurídicas por se poder assemelhar a expropriação (sem que esteja prevista qualquer confiscação) e financeiras sobre a estabilidade do euro.