O chefe do grupo Wagner, que ontem apelou a uma rebelião contra o comando militar do país e hoje segue aos comandos de uma incursão em território russo, diz que a organização é apoiada pelos cidadãos russos na cidade de Rostov, tomada pelos mercenários. "Não matámos uma única pessoa no nosso caminho", justificou.
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Num novo áudio divulgado nos canais afetos ao grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin disse que os habitantes de Rostov-on-Don, cidade-chave no sul da Rússia para a guerra na Ucrânia, e tomada pela organização paramilitar desde este sábado, estão a apoiar os mercenários.
"Nas ruas, as pessoas estão a desfraldar bandeiras do Wagner. Nas lojas, quando os rapazes vão lá, as pessoas pedem para pagar por eles, porque querem fazer algo de bom. Palavras de elogio são proferidas", disse o comandante da força paramilitar, explicando, do seu ponto de vista, a razão pela qual o povo russo em Rostov apoia o Grupo Wagner.
"Não matámos uma única pessoa no nosso caminho"
"Passámos sem disparar uma única bala, não tocámos num único recruta. Não matámos uma única pessoa no nosso caminho. Fomos atacados pela aviação, mas chegámos a Rostov. Sem um único tiro, capturámos o edifício do quartel-general. Não interferimos com o trabalho de uma única pessoa", acrescentou Prigozhin, que, durante a noite, apelou a uma rebelião contra o comando militar russo, que acusou de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas" - acusações que são negadas pelo Ministério da Defesa.
O chefe do grupo Wagner disse ter 25 mil soldados às suas ordens e prontos para morrer, instando os russos a juntarem-se a esta "marcha pela justiça", que já terá conseguido controlar a 11.ª maior cidade russa sem resistência militar ou popular.
A tomada de posição de Prigozhin, que assevera que em breve a Rússia terá um novo líder, expõe as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia. O grupo Wagner já tinha dado conta de um recuo do Exército russo em Kherson, Zaporíjia e Bakhmut, contrariando as garantias do Kremlin de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.