A China iniciou, esta quinta-feira, exercícios militares em seis zonas nas imediações de Taiwan. É a maior operação de sempre junto da ilha reivindicada por Pequim.
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"Das 12 horas de hoje às 12 horas do dia 7, o Exército Popular de Libertação está a realizar um importante exercício de treino militar e de combates reais", anunciou a televisão estatal chinesa CCTV, durante a madrugada em Portugal.
Os meios de comunicação do país, citados pela imprensa internacional, relataram que Pequim - que vê Taiwan como província separatista - iniciou exercícios de disparo de artilharia de longo alcance no estreito da ilha, destacando que "os resultados esperados foram alcançados", nesta que é, segundo a BBC, a maior operação de sempre junto ao território. De acordo com o britânico "The Guardian", as seis zonas selecionadas pela China para a realização dos exercícios militares cercam a ilha e algumas delas estão muito perto de importantes portos.
Pequim reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang (o partido do poder) se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.
As autoridades de Taipé acusaram o Exercito da Libertação Popular de levar a cabo um cerco militar, com o Ministério da Defesa a avançar que as forças armadas taiwanesas estão a "operar como de costume", monitorizando os arredores da ilha. "Não estamos à procura da escalada da situação, mas não recuamos quando se trata da nossa segurança e soberania", fez saber a tutela.
Um responsável político de Taiwan, que falou em anonimato à agência Reuters sobre os exercícios militares de hoje, deu conta de que cerca de dez navios da marinha chinesa cruzaram o território, antes de serem "afastados" por barcos da marinha local. "Entraram furtivamente e foram expulsos por nós", disse, acrescentando que Taiwan teve de ativar jatos e sistemas de mísseis para rastrear os movimentos dos aviões chineses que, por breves momentos e várias vezes, também avançaram. "Voavam para dentro e voavam para fora, uma vez e outra vez. A China continua a assediar-nos e a aumentar a pressão sobre a nossa defesa aérea", acusou.
Resposta a visita de Pelosi
As manobras militares chinesas, programadas até domingo e consideradas "agressivas" pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, surgem na sequência da visita da presidente do Congresso norte-americano a Taiwan, entendida como uma "atitude extremamente perigosa" pela China, que havia alertado para consequências graves antes da intervenção de Washington e que anunciou sanções económicas contra Taiwan depois da chegada de Nancy Pelosi a Taipé.
"Não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan. Estamos orgulhosos da nossa amizade duradoura", afirmou a líder democrata, na quarta-feira, acompanhada pela presidente Tsai Ing-wen, durante um evento em que recebeu a maior condecoração civil concedida a estrangeiros pela ilha asiática, que classificou como "uma das sociedades mais livres do Mundo".
Embora a Casa Branca tenha alegado que a viagem de Pelosi a Taiwan não altera o reconhecimento da política de "uma só China", o gigante asiático diz que não vai em cantigas e que a visita é "uma farsa pura e simples" que ameaça a soberania chinesa. "Aqueles que ofendem a China devem ser punidos de forma inelutável", reforçou ontem o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.