A China publicou, esta semana, um documento com novas diretrizes sobre a regulamentação das redes de comunicação do país e lançou uma consulta pública a uma proposta para restringir a utilização de serviços de partilha de dados como o AirDrop e o Bluetooth.
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Segundo a Administração do Ciberespaço da China - órgão que regulamenta e controla o uso da Internet no país e apontado como um instrumento de censura - esta medida, que obriga as empresas tecnológicas a impedir a partilha de informação ilegal e "indesejável" foi criada "em nome da segurança nacional e do interesse público".
Ativistas temem que uma mudança nestas tecnologias "prejudique ainda mais a capacidade de mobilizar pessoas ou compartilhar informações", avança a "BBC News". Um dos grandes estímulos para a criação desta medida foi o ocorrido em outubro de 2022, quando manifestantes partilharam fotos e documentos contra o líder do país enquanto viajavam no metro de Xangai.
O AirDrop é um recurso bastante popular entre os ativistas, visto que não requer a partilha dos dados pessoais de quem envia os documentos e abrange qualquer pessoa que esteja no mesmo espaço que o transmissor. Além disso, e ao contrário do que acontece com o Bluetooth, não é necessário o emparelhamento entre dispositivos.
Num país em que já existem sistemas como "A Grande Firewall" - recurso que filtra todas as informações que são partilhadas na internet chinesa - é cada vez mais difícil e perigoso distribuir qualquer conteúdo anti-Estado.
Após Xi Jinping, presidente da República Popular da China, garantir o terceiro mandato no país, a Apple alterou o modo de funcionamento do AirDrop no país. "Agora, os utilizadores de iPhone e outros dispositivos da marca Apple estão limitados a uma janela de dez minutos para receber arquivos de pessoas que não estão registadas nos seus contactos. Após esse tempo, os utilizadores só podem receber arquivos de contactos guardados", informa a "BBC News".
No documento, está igualmente explícito que qualquer pessoa que não cumpra as normas deve ser denunciada às autoridades reguladoras e que todos os demais devem "resistir à produção, cópia e distribuição de informações indesejadas".
Os ativistas do país temem que, mesmo que sejam encontradas novas formas de divulgar informações e opiniões, o número de pessoas dispostas a isso se torne "demasiado pequeno para causar impacto".