Os alarmes foram ativados e os avisos lançados: o Planeta Terra está em alerta vermelho e é preciso trabalhar mais para travar as catastróficas alterações climáticas. Com a cimeira climática da ONU (COP26) à porta, encontro com que se inicia a 31 de outubro em Glasgow, Escócia, e que pode ser o "tudo ou nada" para o ambiente, os apelos à consciencialização, bem como os compromissos com a luta pelo clima têm-se multiplicado.
Corpo do artigo
Quarta-feira, foi a vez da Turquia dar um grande passo nesta batalha, ao ratificar o Acordo de Paris, tratado de combate às alterações climáticas.
Com um aumento de emissões líquidas de gases de efeito estufa de 150% desde 1990, a Turquia é um dos últimos grandes países emissores desses gases a ratificar o texto. Ainda assim, constata Filipe Duarte Santos, investigador e professor especialista em ciências do ambiente ouvido pelo JN, "o que os países se propuseram a fazer até agora, ainda não chega para cumprir o acordo de Paris".
Mesmo com o compromisso assumido pela China, que quer atingir a neutralidade carbónica em 2060, e com os EUA a prever aumentar significativamente o financiamento climático internacional, será preciso fazer muito mais, assevera Filipe Duarte Santos.
"Não basta a União Europeia fazer um brilharete. Isto é um problema global e, ainda que os países com economias avançadas estejam em boa posição para mudar, é preciso apoiar os países menos desenvolvidos".
União Europeia quer mais
Também Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, insistiu esta quinta-feira que as "ambições têm de começar a ser apoiadas por planos concretos".
"A COP26 será o momento da verdade para a comunidade global. As maiores economias do mundo estão a progredir", disse Von Der Leyen referindo-se aos anúncios de Pequim e de Washington. "Mas é preciso mais", advogou a líder, na abertura da Cimeira de Investimento Sustentável da União Europeia, em Bruxelas, recordando as palavras de António Guterres, secretário-geral da ONU, que advertiu, há duas semanas, para "um alto risco de fracasso" no COP26.
Dos acordos pré-cimeira, destaca-se ainda o acordo energético "No New Coal Compact", entre o Sri Lanka, o Chile, a Dinamarca, a França, a Alemanha, o Reino Unido e Montenegro, para terminar com a emissão de licenças para projetos de produção de energia a carvão não diminuída.
Em agosto, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas publicou um relatório que revelou que em 2030, dez anos antes do previsto em 2018, o Planeta poderá alcançar o limite de mais 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, com riscos de desastres "sem precedentes" para a humanidade.
"Já devíamos estar à espera destes resultados tão negativos. Já há muito que se devia ter mudado o paradigma energético", assinala o investigador português.