A Colômbia vai continuar a combater o tráfico de droga mesmo sem a ajuda dos Estados Unidos, que deixaram de considerar o país como um aliado, garantiu o chefe do exército colombiano.
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A luta vai continuar, "com ou sem apoio norte-americano", sublinhou na terça-feira o comandante Francisco Cubides, em declarações à agência de notícias France-Presse.
Na segunda-feira, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que os Estados Unidos retiraram a classificação do país como um aliado na luta contra o tráfico de droga.
A decisão de Washington não implica qualquer redução na ajuda a Bogotá até ao momento, segundo Cubides, que prevê que os dois países continuarão "a trabalhar em estreita colaboração" contra os grupos de crime organizado.
A Colômbia é um dos cerca de 20 países produtores e distribuidores de substâncias ilícitas cujas políticas antidroga são avaliadas anualmente pelos Estados Unidos.
O país recebe até 380 milhões de dólares (320,5 milhões de euros) em ajuda norte-americana por ano.
Mas as autoridades norte-americanas apontaram para uma deterioração da situação sob a administração do Presidente de esquerda Gustavo Petro, com o homólogo norte-americano, Donald Trump, a citar "níveis recorde" de cultivo da folha de coca e de produção de cocaína para justificar a decisão.
Bogotá, no entanto, pretende continuar as operações para "interromper a cadeia do tráfico de droga", mesmo que tenha de trabalhar sozinha, insistiu o chefe do exército colombiano.
Na terça-feira, o ministro do interior da Colômbia, Armando Benedetti, anunciou que o país irá suspender a compra de armas aos Estados Unidos.
"Os Estados Unidos, como país capitalista, devem entender que também existem questões de mercado", acrescentou, numa entrevista à Blu Radio.
A alegada campanha de combate ao tráfico de droga pelos Estados Unidos materializou-se nas últimas semanas no envio de tropas, navios de guerra e aviões para o Caribe, junto à costa da Venezuela, e conscretizou-se no ataque a duas embarcações e morte de 14 ocupantes, que Washington disse serem "narcoterroristas".
As relações entre Washington e Bogotá deterioraram-se desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. Os dois países viveram uma crise diplomática no final de janeiro, num momento marcado pela deportação para a Colômbia de migrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos.
A Colômbia é o maior exportador mundial de cocaína e, em 2024, bateu recordes de produção da droga, segundo um relatório das Nações Unidas.
O país, mergulhado numa guerra interna há mais de meio século entre guerrilheiros, traficantes de droga e forças governamentais, vive a pior crise de segurança da última década, devido à violência de grupos armados, que se financiam com o tráfico.