A Colômbia aprovou uma nova lei para taxar a comida ultraprocessada, que entra em vigor ainda este mês. O país sul-americano é um dos primeiros do mundo a adotar esta medida. O valor da taxa adicional vai começar nos 10%, mas vai subir para 15% no próximo ano e 20% em 2025.
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A criação de uma taxa para alimentos muito processados está a ser encarada pelos especialistas em saúde alimentar como um exemplo para outros países. Já muitos implementaram taxas para tabaco ou bebidas açucaradas, mas o mesmo não acontece no caso desse tipo de produto.
Estão abrangidos pela nova legislação os alimentos de fabrico industrial "pronto a comer", bem como aqueles que têm alto teor de sal e são altamente calóricos, como por exemplo batatas fritas de pacote, gomas ou chocolates com alto teor de açúcar. De fora, ficam as salsichas em lata. As empresas da indústria alimentar colombianas foram consultadas durante o processo, avança o "The Guardian".
"A taxa aplica-se aos mesmos produtos que têm etiquetas de aviso sobre os malefícios para a saúde e cria um incentivo financeiro para os consumidores evitarem estes produtos", garante o especialista em políticas de saúde pública Franco Sassi, do London Imperial College Bussines School.
A população colombiana consome, em média, 12 gramas de sal por dia, o que pode explicar o facto de um quarto das mortes anuais se dever a enfartes ou outros problemas cardiovasculares. Além disso, um terço das mortes por diabetes corresponde a pessoas com menos de 70 anos.
A responsável pela associação "Educar Consumidores", Esperanza Cerón Villaquirá, que defende a adoção da taxa adicional, diz que, desde 2015, "a sua equipa é alvo de todo o tipo de ataques" por parte da indústria alimentar e, por isso, descreve o longo processo de luta pela adoção do agravamento fiscal como "um parto díficil".
A diretora-executiva da Coligação para a Saúde na América Latina, Beatriz Champagne, diz que o objetivo da medida é "evitar seguir o caminho dos países ricos industrializados como os EUA, em que as doenças relacionadas com a dieta alimentar são um problema".
Os críticos da taxa argumentam que a nova medida vai provocar um aumento da inflação.