A Comissária europeia do Ambiente revelou, nesta segunda-feira, ter testado positivo para "produtos químicos eternos", após ter sido submetida a um rastreio para aumentar a sensibilização para os riscos para a saúde associados aos poluentes produzidos pelo homem.
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"Os cidadãos estão cada vez mais expostos a PFAS no seu sangue. Eu própria não sou exceção", declarou aos jornalistas a Comissária do Ambiente, Jessika Roswall, revelando os resultados do seu teste de despistagem de substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas.
"O resultado mostra que não estou livre de PFAS e que alguns dos PFAS no meu sangue são tóxicos para a saúde reprodutiva", disse aos jornalistas à margem de uma conferência de imprensa sobre os esforços europeus para proteger a natureza e combater as alterações climáticas. "Isto reforçou a minha determinação em levar o nosso trabalho por diante", afirmou Roswall.
A equipa da Comissária afirmou que o seu teste deu positivo para seis dos 13 PFAS analisados, incluindo três considerados tóxicos para a saúde reprodutiva, e em vários casos em concentrações superiores aos níveis recomendados.
Roswall foi submetida a testes em julho, juntamente com ministros de toda a União Europeia, para aumentar a sensibilização para a poluição causada pelos PFAS, um grupo de químicos sintéticos que repelem o calor, a água e o óleo, e que são utilizados em panelas antiaderentes, tapetes à prova de nódoas e outros produtos. Frequentemente designados por "químicos eternos", uma vez que demoram muito tempo a decompor-se, os PFAS estão a ser cada vez mais restringidos em todo o mundo devido aos seus efeitos adversos para a saúde.
A exposição crónica, mesmo a níveis baixos, tem sido associada a danos no fígado, colesterol elevado, respostas imunitárias reduzidas, baixo peso à nascença e vários tipos de cancro.
A Comissão Europeia tenciona propor, no próximo ano, a proibição dos PFAS em bens de consumo corrente - desde caixas de pizza a vestuário - com excepções para certas áreas, incluindo equipamento médico.
A Comissão está também a trabalhar numa atualização, há muito prometida, das regras da UE sobre o fabrico e a utilização de produtos químicos perigosos, mas o processo está a sofrer atrasos. Uma primeira revisão do texto conhecido como "REACH" foi rejeitada por um organismo interno de avaliação de impacto, que pediu à Comissão que reforçasse a sua proposta, segundo Roswall.
Os grupos ambientalistas advertiram contra qualquer novo atraso na atualização da lei, em preparação desde 2022.