A expectativa em torno de Obama valeu-lhe o Nobel, refere Miguel Monjardino.
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"É um acto de fé e um sinal claro de que o Comité Nobel espera muito dos EUA e mostra que a liderança e o exemplo dos EUA continuam a ser essenciais para a paz no Mundo", realça este professor de segurança internacional da Universidade Católica.
Há outro factor: "Se Bush não tivesse sido presidente ou o 11 de Setembro não tivesse ocorrido (e teria sido uma Administração insípida), se calhar este prémio não teria sido atribuído".
Como a nomeação da Academia norueguesa tem de ser feita até 1 de Fevereiro e a tomada de posse foi a 20 de Janeiro, Obama estava em funções apenas há 10 dias. Por isso, crê que este prémio se deve, sobretudo, às esperanças que o Comité lhe devota "e ao que espera de Obama rumo à abolição do nuclear que defendeu em Praga, na passada Primavera".
Apologista da abolição da ameaça nuclear, ressalva que é preciso saber se esta agenda poderá ser concretizada. "Ficaria muito surpreendido se o fosse". E não crê que, se os EUA desnuclearizarem, outros países o sigam: "Não vejo o menor indício na História de que tal aconteça", afirma.
"Obama também espera - e o discurso na ONU prova isso - que os outros países participem mais na cena internacional, tenham mais responsabilidades e aceitem as regras do modelo liberal do pós-1945. Ora, duvido que a China e a Índia tenham vontade e aceitem as regras", diz. Ilustrando com "o problema da Coreia do Norte, que Pequim foi exortado pelos EUA a resolver, e a China não quis ou não pode".