As autoridades russas informaram esta segunda-feira que a tradicional conferência de imprensa anual do Presidente Vladimir Putin não vai decorrer até ao final deste ano, apesar de estarem previstas declarações do líder do Kremlin aos media sobre diversas questões.
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Citado pela agência noticiosa TASS, o porta-voz da Presidência russa (Kremlin), Dmitri Peskov, assinalou que as datas destas intervenções serão anunciadas após ser decidido o dia em que Putin discursará perante a Assembleia federal.
"Em relação à conferência de imprensa anual, não vai decorrer até ao Ano Novo, mas esperamos que o Presidente encontre uma oportunidade para falar [com os media] como o faz regularmente, incluindo nas suas deslocações ao exterior", assegurou Peskov.
Em simultâneo, o porta-voz do Kremlin não se referiu à possível data do discurso do chefe de Estado à Assembleia federal, que inclui a Duma (câmara baixa do parlamento russo) e o Conselho da Federação (câmara alta), e que será anunciada "no devido tempo".
Em novembro, Peskov já tinha referido que a conferência de imprensa anual de Putin e outras iniciativas apenas seriam conhecidas após o anúncio da data do discurso perante a Assembleia federal.
A conferência de imprensa anual - que Putin instituiu a partir de 2001 - tem sido uma ocasião para o chefe de Estado russo abordar, durante várias horas, questões políticas, nacionais e internacionais, perante uma audiência que reúne media russos e estrangeiros.
Na conferência de imprensa que promoveu em 23 de dezembro de 2021, Putin abordou a questão da Ucrânia, quando dezenas de milhares de soldados russos já estavam concentrados junto à fronteira comum, ao considerar "positiva" a reação norte-americana às propostas sobre segurança da Rússia, após ter exigido que a NATO e os Estados Unidos cessassem o apoio militar a Kiev.
Na altura, voltou a negar qualquer intenção de atacar a Ucrânia. Na mesma ocasião, Putin também avisou que Moscovo não poderia continuar a deparar-se com constantes ameaças à segurança do país motivadas por uma possível colocação de armas ocidentais na Ucrânia.
Com base em tal perspetiva, o governante argumentou que o envio de armamento ocidental poderia encorajar ao uso da força em detrimento de negociações por parte de Kiev, com o objetivo de retomar o controlo sobre as regiões separatistas russófonas e, inclusive, recuperar a Crimeia.
Dois meses depois, a 24 de fevereiro deste ano, a Rússia invadiu a Ucrânia, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).