Presidente ucraniano defende a via diplomática para debater o modo de implementação dos pontos definidos por Kiev para alcançar o cessar-fogo
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Tendo por base os mecanismos da diplomacia, debater o modo como podem ser implementadas as propostas de Kiev para alcançar a deposição das armas e o fim do conflito. Esta é a premissa de uma cimeira de paz mundial esta segunda-feira proposta por Volodymyr Zelensky às potências que integram o G7. Na mensagem, remetida em vídeo, o presidente ucraniano pediu ainda aos líderes das sete nações mais industrializadas do mundo dois mil milhões de metros cúbicos de gás natural e mísseis de longo alcance.
"A Ucrânia sempre liderou os esforços de negociação e fez de tudo para impedir a agressão russa. E agora sentimos uma oportunidade de usar a diplomacia para conseguir a libertação de todo o nosso povo, de todos os nossos territórios", assinalou, citado pela agência Lusa, o chefe de Estado, que identificou três etapas para se alcançar a paz no território ucraniano: um novo poder, uma nova força e uma nova diplomacia.
Depois de na cimeira do G20, que decorreu em Bali, Zelensky ter proposto "uma fórmula ucraniana para a paz", o presidente ucraniano sugeriu agora a organização de uma cimeira mundial, organizada pelo G7, a que chamou Cimeira da Fórmula de Paz Global, que visa "decidir como e quando podemos implementar os pontos da fórmula de paz ucraniana".
Na mesma mensagem, Zelensky estendeu ainda o apelo a Moscovo para que retire "as suas tropas da Ucrânia" antes do Natal, para "garantir uma cessação confiável das hostilidades". E acrescentou: "a resposta de Moscovo mostrará o que realmente querem: ou um novo confronto com o mundo ou, finalmente, o fim da agressão. Aquele que trouxe a guerra deve terminá-la".
Mísseis de longo alcance
Como é habitual sempre que se dirige a organismos e entidades internacionais, o chefe de Estado ucraniano deixou ainda o pedido por um reforço da capacidade militar das forças de Kiev. Ao G7 apelou agora por tanques modernos, unidades de artilharia, projéteis e mísseis de longo alcance. "Quanto mais eficazes formos com essas armas, mais curta será a agressão russa", defendeu.
Mas não só. O apelo do presidente ucraniano estendeu-se ainda às maiores necessidades que enfrentam nesta altura as populações, com os constantes cortes de energia no país, resultantes dos sucessivos ataques, nos últimos dois meses, das forças russas às infraestruturas energéticas. Alertou Zelensky que a Ucrânia necessita de cerca de dois mil milhões de metros cúbicos de gás para contornar os rigores do inverno.
"O terror contra as nossas centrais fez-nos usar mais gás do que o esperado. E é por isso que precisamos de apoio adicional, neste inverno. Estamos a falar de um volume de cerca de dois biliões de metros cúbicos de gás que deve ser comprado adicionalmente", assinalou o líder ucraniano.
Do Conselho de Ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, que decorre esta semana em Bruxelas, ainda não saiu consenso quanto ao nono pacote de sanções a aplicar à Federação Russa, mas foi ontem acordado um reforço em dois mil milhões de euros, em 2023, para o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, o fundo da União Europeia que tem sido usado para fornecer apoio militar à Ucrânia.