A Conferência Episcopal Espanhola publicou na Internet, durante alguns dias, uma lista com dados sensíveis de 45 vítimas de abusos sexuais na Igreja, incluindo identidade e detalhes dos casos. A notícia foi veiculada nesta quinta-feira pelo diário “El País”.
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O jornal refere que o documento, que deveria ser confidencial, esteve publicado na página oficial da Conferência Episcopal Espanhola em dezembro e, apesar de depois ter sido retirado do site, ainda esteve acessível na Internet durante quatro meses. Trata-se de uma lista que faz parte do relatório da auditoria encomendada ao escritório de advogados Cremades & Calvo-Sotelo.
O próprio “El País” deu conta da publicação, em abril, e denunciou a situação à Agência Espanhola de Proteção de Dados, com vista à eliminação, tendo o organismo referido que, até esse momento, não havia recebido qualquer aviso. Perante a gravidade do caso, enviou uma ordem de medida cautelar à empresa que gere os servidores, para eliminar o conteúdo, ordem essa que só terá sido acatada neste mês.
Advogados e Conferência Episcopal trocam acusações sobre o que aconteceu.
Estão em causa dados pessoais de 45 vítimas e o conteúdo das denúncias que fizeram aos advogados. Nomes, apelidos, relatos dos acontecimentos, data e lugar onde ocorreram, que idade tinham as vítimas quando foram agredidas e o tipo de abuso que sofreram constam das informações sensíveis divulgadas.
Segundo aquele diário, numa primeira publicação, a 20 de dezembro, a Conferência Episcopal apenas divulgou o estudo elaborado pelos advogados, num total de 956 páginas em PDF. Mas depois essa publicação foi alterada e passou a incluir um anexo com os dados confidenciais das 45 pessoas, num documento que passou a ter 984 páginas.
Apesar de a Conferência Episcopal ter tentado emendar o erro, retirando a informação, o próprio “El País” comprovou que o documento, na sua versão completa, continuou disponível no site pelo menos até 28 de dezembro, tendo o jornal conseguido seguir-lhe o rasto na Internet até ao corrente mês.
Algumas das vítimas que constam dessa lista disseram ao jornal que não faziam ideia que houve divulgação dos seus dados e agora ponderam atuar judicialmente. Até porque, entre elas, há quem nunca tenha, sequer, contado à família que sofrera de abusos e agora tudo foi tornado público.
Do rol de vítimas constam, por exemplo, um padre e uma outra pessoa que ainda hoje é menor de idade.