Depois de se conhecer o rascunho do texto final da COP28, marcado por contenção nas palavras, a noite e a madrugada na ExpoDubai está a ser atarefada. Ao final da tarde de terça-feira (horário de Portugal), e já madrugada de quarta-feira no Dubai, decorriam as negociações entre as nações e a presidência da cimeira.
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A ausência da “eliminação progressiva” dos combustíveis fósseis do rascunho, divulgado na segunda-feira, gerou muitas críticas. O evento deveria ter terminado esta terça-feira. Contudo, não há garantias de que seja alcançado um acordo, nas próximas horas ou dias, para mitigar as alterações climáticas. As acreditações para a COP28 e outros serviços afetos à cimeira, como viagens grátis no metro, foram prorrogados, o que poderá indicar um prolongamento da cimeira para os próximos dias.
“Durante a noite e ao longo do dia de hoje [12 de dezembro], o presidente da COP28 e a sua equipa têm feito consultas amplas e extensas para negociar com os grupos e as partes. Isto é para garantir que todos são ouvidos e todos os pontos de vista são considerados”, afirmou um porta-voz do presidência da cimeira à comunicação social. A mesma fonte disse aos jornalistas que Sultan Ahmed Al Jaber, presidente da COP28, está empenhado em entregar um texto final, que tenha o consenso de todos.
A tarefa não será fácil. Na segunda-feira, foi entregue o rascunho do texto final da cimeira, que consiste também no balanço global dos países ao Acordo de Paris. O entendimento, ratificado em 2015, prevê que o aumento da temperatura global da Terra não vá além dos 1,5 graus. O conteúdo provisório da COP28 não é claro na “eliminação e na redução progressiva dos combustíveis fósseis”, um fator central para mitigar os efeitos das alterações climáticas e dos desastres climáticos em certas latitudes.
Negociações conjuntas
A versão inicial do texto gerou críticas de várias nações, como o Brasil, os Estados Unidos, a Austrália e a União Europeia. Os países mais pobres, os que menos poluem, mas os que mais sofrem com as catástrofes, afirmaram que não vão assinar um acordo que é “uma sentença de morte”. Vários especialistas defenderam que, caso não haja mudanças, a COP28 será lembrada como um “fracasso”. O dia de terça-feira, na ExpoDubai, onde decorre a COP, ficou marcado por vários protestos de ativistas climáticos.
O comissário europeu para o clima disse, esta terça-feira, que a União Europeia está a trabalhar nas negociações com a Aliança dos Estados das Pequenas Ilhas e com o “Umbrella Group”, um grupo constituído por países que adotaram o Protocolo de Quioto, tratado ambiental assinado em 1997.
Já John Kerry, enviado presidencial para o clima dos Estados Unidos, afirmou aos jornalistas que o texto final da COP28 está mais claro e "forte" quanto à eliminação dos combustíveis fósseis. Por outro lado, o ministro do Reino Unido abandonou as negociações no Dubai, para participar numa votação no Parlamento britânico sobre a deportação de imigrantes ilegais para o Ruanda. As negociações pelo lado britânico serão agora assegurados por outro ministro, Lord Benyon.
De acordo com o jornal "The Guardian", também o staff da COP28, como seguranças e trabalhadores da cafetaria e restauração, estão preparados para trabalhar durante mais dias. Há várias nacionalidades entre os trabalhadores - ugandenses, filipinos e paquistaneses. O periódico descreve que muitos estão exaustos, começam a trabalhar muito cedo e regressam muito tarde a casa. "Claro que preferia estar em casa, mas temos necessidades económicas", disse um jovem do Uganda.