
A Coreia do Norte enviou cerca de cinco mil soldados para a Rússia
Foto: EPA
A Coreia do Norte enviou cerca de cinco mil soldados para a Rússia desde setembro de 2024 para a "reconstrução de infraestruturas" destruídas pela Ucrânia, anunciou esta terça-feira um deputado sul-coreano em Seul.
"Cerca de cinco mil soldados norte-coreanos foram destacados para a Rússia em várias fases desde setembro e deverão ser mobilizados para a reconstrução de infraestruturas", afirmou o deputado Lee Seong-kweun aos jornalistas.
As declarações de Lee seguiram-se a um "briefing" dos serviços de informações sul-coreanos, indicou a agência de notícias France-Presse (AFP).
A agência de informações adiantou que cerca de 10 mil soldados norte-coreanos estariam atualmente posicionados junto à fronteira russo-ucraniana, disse o deputado.
"Foram detetados sinais contínuos de treino e seleção de pessoal com vista a futuros destacamentos de tropas adicionais", acrescentou.
A Coreia do Norte participou ativamente no esforço de guerra da Rússia, fornecendo milhares de soldados para repelir as forças ucranianas que conquistaram uma pequena parte da região russa fronteiriça de Kursk.
O envolvimento direto da Coreia do Norte na guerra que a Rússia iniciou em fevereiro de 2022 ocorreu entre o final de 2024 e a primavera de 2025.
De acordo com os serviços de informações sul-coreanos, cerca de 600 militares norte-coreanos foram mortos e vários milhares ficaram feridos nos combates na região de Kursk.
Especialistas afirmaram que a Coreia do Norte recebe da Rússia um importante apoio financeiro, tecnologias militares e ainda ajuda alimentar e energética, referiu a AFP.
A ajuda de Moscovo permite a Pyongyang contornar as sanções internacionais impostas devido aos programas nuclear e de mísseis do regime liderado por Kim Jong-un.
Seul anunciou que a Coreia do Norte disparou vários foguetes de artilharia uma hora antes da visita do secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, à fronteira coreana, na segunda-feira.
Lee Seong-kweun disse que os serviços de informações sul-coreanos consideram que o líder norte-coreano está aberto ao diálogo com os Estados Unidos e "procurará estabelecer contacto quando as condições estiverem reunidas".
"Muitos indícios sugerem" que Pyongyang "se está a preparar nos bastidores para eventuais conversações com os Estados Unidos", acrescentou o deputado.
A visita de Hegseth ocorreu depois de uma série de sinais de abertura do presidente norte-americano, Donald Trump, em relação a Kim Jong-un, com quem se encontrou por três vezes durante o primeiro mandato.
Antes de partir para uma visita à Ásia no final de outubro, Trump disse que gostaria de se encontrar de novo com Kim.
Trump não obteve resposta pública de Pyongyang, que realizou um teste de mísseis de cruzeiro pouco antes da chegada do presidente norte-americano à Ásia.
Pyongyang continua a insistir que não vai encetar diálogos com Washington se o tema da desnuclearização não for descartado.
Analistas recentemente ouvidos pela AFP consideraram que Kim, fortalecido pelas relações com Moscovo e Pequim, tem pouco interesse em reunir-se com Trump.
