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A Rússia advertiu, esta quarta-feira, que milhares de soldados ucranianos poderão morrer em Donetsk e Kharkiv, onde a situação se deteriora "com uma rapidez invulgar", refutando declarações de Kiev, incluindo do presidente Volodymyr Zelensky.
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"À data de hoje, a situação dos agrupamentos do exército ucraniano (...) está a deteriorar-se com uma rapidez invulgar, não deixando aos soldados ucranianos qualquer oportunidade de salvação que não seja a rendição voluntária", disse o Ministério da Defesa russo.
Os militares russos referiam-se à situação das tropas ucranianas nos bastiões de Pokrovsk (Donetsk) e Kupiansk (Kharkiv), ambas no leste da Ucrânia.
O Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas disse na terça-feira que nenhuma unidade estava cercada pelas forças russas e que também não havia qualquer bloqueio ou cerco de cidades na zona de Pokrovsk-Myrnohrad.
O presidente da Ucrânia visitou no domingo as posições das tropas na zona de Pokrovsk, onde admitiu que a situação era difícil, mas que as forças ucranianas estavam a resistir aos ataques russos.
Zelensky disse também que em Kupiansk restavam menos de 60 russos, o que levou o Ministério da Defesa russo a comentar hoje que "o chefe do regime de Kiev perdeu completamente o contacto com a realidade".
O ministério alegou num comunicado que Zelensky estará a receber "relatórios falsos" do chefe do Estado-Maior, Oleksandr Syrskyi, o que o impedirá de ter informação operacional sobre a situação no terreno.
O ministério russo não excluiu a possibilidade de Zelensky estar consciente da situação e tentar "ocultar até ao último momento a verdade", tanto aos parceiros ocidentais como à população ucraniana.
Esta atitude terá como consequência "a morte de milhares de soldados ucranianos", advertiu o Ministério da Defesa da Rússia no comunicado, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O ministério reafirmou que os batalhões ucranianos que defendem ambas as cidades "estão encurralados nas caldeiras de Kupiansk e Pokrovsk, sofrendo constantemente pesadas perdas devido aos ataques e avanços das tropas russas".
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou em 26 de outubro o cerco às tropas ucranianas em Kupiansk e em alguns bairros de Pokrovsk, um importante nó de comunicações e centro industrial da região de Donetsk.
Dias depois, apelou a Kiev para que ordenasse a rendição das tropas, tal como aconteceu em maio de 2022 no porto de Mariupol (Donetsk), onde milhares de soldados se renderam depois de terem estado semanas refugiados em túneis e minas.
No caso de Kupiansk, entre o rio Oskol e o avanço das unidades russas, os peritos independentes concordam que as tropas ucranianas enfrentam sérias dificuldades.
A situação é diferente em Pokrovsk, onde os russos penetraram na cidade, mas onde o corredor do cerco russo tem cerca de cinco quilómetros de largura, o que dá ainda a Kiev opções e tempo para uma retirada, segundo os peritos.
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho.
